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04 Agosto 2020

Santa Clara de Assis: fundadora da 2ª Ordem e amiga pessoal de Francisco

Escrito por  OFMConv-Notícias

Santa Clara foi a fundadora da Ordem das Clarissas e amiga pessoal de São Francisco de Assis. 

 

Contemporânea de São Francisco e fundadora da Ordem das Clarissas, Santa Clara nasceu em 1193. Vinda de uma família rica, ela decidiu abdicar de seus bens e sua nobreza para viver na humildade. Seus pais planejavam casá-la com algum nobre, no entanto, Clara, ainda com 18 anos de idade, em um gesto de muita coragem e inspirada no profundo desejo de seguir a Cristo, deixou a casa paterna e, na companhia de uma amiga, Bona di Guelfuccio, uniu-se, secretamente, aos franciscanos na Porciúncula.

O pai de Santa Clara, revoltado com a fuga da filha, envia um tio chamado Monaldo para resgatar a filha viva ou morta. Monaldo consegue alcançar Santa Inês, que sofre agressões e é arrastada pelo tio montanha abaixo. Nesse momento, ela chama pela irmã Clara, que começa a rezar impiedosamente pela irmã e um milagre se instaura: Santa Inês fica tão pesada que torna impossível o ato de arrastá-la no chão e mesmo assim, Monaldo não se dá por vencido e tenta agredi-la com um golpe, mas imediatamente sente a mão se contrair. Sem saber mais como agir, ele desiste de levar Santa Inês e foge.

Era a tarde do Domingo de Ramos do ano de 1211, quando, em um gesto tão significativo quanto histórico, Francisco cortou os cabelos de Clara e vestiu o hábito penitencial. A partir de então, tornou-se humilde e pobre, uma virgem esposa de Cristo e a Ele totalmente consagrada. Sobretudo no início de sua experiência religiosa, Clara teve em Francisco de Assis não só um mestre a quem seguir os ensinamentos, mas também um amigo fraterno. A amizade entre estes dois santos constitui um aspecto muito belo e importante. Efetivamente, quando duas almas puras e inflamadas do mesmo amor por Deus se encontram, há na amizade recíproca um forte estímulo para percorrer o caminho da perfeição. A amizade é um dos sentimentos humanos mais nobres e elevados que a Graça divina purifica e transfigura (leia aqui um artigo sobre a amizade entre os santos). 

 

Após ter transcorrido um período de alguns meses em outras comunidades monásticas, resistindo às pressões de seus familiares que no início não aprovavam sua escolha, Clara se estabeleceu com suas primeiras companheiras na igreja de São Damião, onde os frades menores tinham preparado um pequeno convento para elas. Lá, Clara, juntamente com outras mulheres, deu início à Ordem, contemplativa e feminina, da Família Franciscana, as Clarissas, da qual se tornou mãe e modelo, principalmente no longo tempo de enfermidade, período em que permaneceu em paz e totalmente resignada à vontade divina.

Em uma das quatro cartas que Clara enviou a Santa Inês de Praga, filha do rei da Bohemia e que queria seguir seus passos, ela fala de Cristo, seu amado esposo, com expressões nupciais, que podem surpreender, mas que comovem: “Amando-o, és casta, tocando-o, serás mais pura, deixando-se possuir por ele, és virgem. Seu poder é mais forte, sua generosidade, mais elevada, seu aspecto, mais belo, o amor mais suave e toda graça. Agora tu estás acolhida em seu abraço, que ornou teu peito com pedras preciosas… e te coroou com uma coroa de ouro gravada com o selo da santidade” (Lettera prima: FF, 2862).

Um bispo flamengo, Santiago de Vitry, que estava em visita à Itália, que afirma ter encontrado um grande número de homens e mulheres, de toda classe social e descreve como estes viviam nos primeiros anos do franciscanismo, “deixando tudo por Cristo, escapavam ao mundo. Chamavam-se frades menores e irmãs menores e são tidos em grande consideração pelo senhor Papa e pelos cardeais. As mulheres moram juntas em diferentes abrigos não distantes das cidades. Não recebem nada e vivem do trabalho de suas mãos. E lhes dói e preocupa profundamente que sejam honradas mais do que gostariam, por clérigos e leigos” (Carta de outubro de 1216: FF, 2205.2207).

Santiago de Vitry tinha captado com perspicácia um traço característico da espiritualidade franciscana, a que Clara foi muito sensível: a radicalidade da pobreza associada à confiança total na Providência divina. Por este motivo, ela atuou com grande determinação, obtendo do Papa Gregório IX ou, provavelmente, já do Papa Inocêncio III, o chamado Privilegium Paupertatis (cfr FF, 3279). Em base a este, Clara e suas companheiras de São Damião não podiam possuir nenhuma propriedade material. Tratava-se de uma exceção verdadeiramente extraordinária em relação ao direito canônico vigente. As autoridades eclesiásticas daquele tempo o concederam apreciando os frutos de santidade evangélica que reconheciam na forma de viver de Clara e de suas irmãs. Isso demonstra também que nos séculos medievais, o papel das mulheres não era secundário, mas extremamente relevante. A propósito disso, é oportuno recordar que Clara foi a primeira mulher da história da Igreja que compôs uma Regra escrita, submetida à aprovação do Papa, para que o carisma de Francisco de Assis se conservasse em todas as comunidades femininas que iam se estabelecendo em grande número já em seus tempos, e que desejavam se inspirar no exemplo de Francisco e Clara.

Em 1198, ocorreu uma invasão moura à Assis e em meio a muita pobreza e necessidade aconteceu um fato que consagrou Santa Clara para sempre na história. Eles tentaram invadir o convento e Santa Clara, mesmo acamada e doente, fez questão de ir até o portão de entrada. Ali, em lágrimas, ela conseguiu pegar o ostensório com o Santíssimo Sacramento e proferir as seguintes palavras, “Senhor, guardai Vós estas vossas servas, porque eu não as posso guardar”. Ouviu-se então uma voz suave dizendo, “Eu te defenderei para sempre”. Imediatamente os mouros são tomadas por um medo descomunal e fogem, deixando o convento intacto e a salvo. Nesse mosteiro, viveu durante mais de quarenta anos, até sua morte, ocorrida em 1253. Foi canonizada por Alexandre IV no dia 15 de agosto de 1265.

 

Confira logo abaixo um vídeo da Irmã Elka Santos (Irmãs Franciscanas da Sagrada Família) falando sobre o importância do carisma clareano para todas as ordens franciscanas!

Fontes: Canção NovaFranciscanos e Nossa Sagrada Família

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Edição, imagens e reportagem: Mateus Lincoln
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