A Província São Maximiliano M.Kolbe celebrou no dia 02 de agosto de 2023 a festa de Nossa Senhora dos Anjos. A celebração foi realizada na Casa de Formação de Nossa Senhora dos Anjos, em Santa Maria DF. Estiverem presentes frades da Província, o Ministro Provincial fr.Gilberto, os formandos do Postulantado, o Pré-noviciado, os frades professos e as pessoas da comunidade.
A festa do Perdão de Assis- As indulgências plenárias
Está festa celebra no dia 02 de agosto, a Festa do Perdão de Assis, Santa Maria dos Anjos da Porciúncula, segundo testemunhou Bartolomeu de Pisa, a origem da Indulgência da Porciúncula se deu assim: “Em uma noite linda , do ano do Senhor de 1216, Francisco estava intimamente compenetrado na oração e na contemplação estava mesmo ali na pequena ermida dedicada a Virgem Mãe de Deus, conhecida como igrejinha da Porciúncula, localizada em uma planície do Vale de Espoleto, perto de Assis, quando, de repente, a igrejinha ficou tomada de uma luz vivíssima jamais vista antes, e Francisco viu sobre o altar o Cristo e à sua direita a sua Mãe Santíssima, acompanhados de uma multidão de anjos. Francisco ficou em silêncio e começou a adorar o seu Senhor. Perguntaram-lhe, então, o que ele desejava para a salvação das almas. Francisco tomado pela graça de Deus que ama incondicionalmente, responde: “Santíssimo Pai, mesmo que eu seja um mísero, o pior dos pecadores, te peço, que, a todos quantos arrependidos e confessados, virão visitar esta Igreja, lhes conceda amplo e generoso perdão, com uma completa remissão de todas as culpas”.
O Senhor lhe disse: “Ó Irmão Francisco, aquilo que pedes é grande, de coisas maiores és digno e coisas maiores tereis: acolho, portanto, o teu pedido, mas com a condição de que tu peças esta indulgência, da parte minha, ao meu Vigário na terra (Papa)”. E não tardou muito, Francisco se apresentou ao Papa Honório III que, naqueles dias encontrava-se em Perugia e com candura lhe narrou a visão que teve. O Papa o escutou com atenção e, depois de alguns esclarecimentos, deu a sua aprovação e perguntou: “Por quanto anos queres esta indulgência”? Francisco, respondeu-lhe: “Pai santo, não peço por anos, mas por almas”. E feliz, se dirigiu à porta, mas o Pontífice o reconvocou: “Francisco, não queres nenhum documento”? E Francisco respondeu-lhe: “Santo Pai, de Deus, Ele cuidará de manifestar a obra sua; eu não tenho necessidade de algum documento. Esta carta deve ser a Santíssima Virgem Maria, Cristo o Escrivão e os Anjos as testemunhas”. E poucos dias mais tarde, junto aos Bispos da Úmbria, ao povo reunido na Porciúncula, Francisco anunciou a indulgência plenária e disse entre lágrimas: “Irmãos meus, quero mandar-vos todos ao paraíso!”
A Câmara Legislativa do Distrito Federal homenageou, na manhã desta quinta-feira (24), o cinquentenário da Província São Maximiliano Kolbe, em uma sessão solene transmitida ao vivo pela TV Distrital (canal 9.3) e YouTube.
O deputado Jorge Vianna (PSD), autor da homenagem, destacou que “há 50 anos os franciscanos presentearam o Distrito Federal com uma obra de amor, a Província São Maximiliano Kolbe”. Fundada por frades poloneses, a província atua sob o legado de São Maximiliano Kolbe (1894–1941), canonizado em 1982 por João Paulo II e reconhecido por seu heroísmo ao oferecer a vida em troca de outro prisioneiro no campo de concentração de Auschwitz.
O deputado relembrou que a realização do sonho missionário de São Maximiliano Kolbe foi conduzida por Dom Agostinho Stefan. e um grupo de frades poloneses que, em 1974, “com a simplicidade tipicamente franciscana”, estabeleceram-se em Brasília. Vianna enalteceu a dedicação e o impacto do trabalho missionário, refletidos na expansão de obras educacionais e sociais ao longo dessas cinco décadas.
“Ao celebrarmos o jubileu de ouro da Província, reconhecemos publicamente o valor de sua contribuição à sociedade brasiliense”, afirmou. Durante a sessão, foi exibido um vídeo da TV Distrital com um panorama da trajetória da Província no Brasil.
A Província São Maximiliano Kolbe manifestou sua gratidão pela homenagem da CLDF, representada pelo ministro provincial, Frei Gilberto de Jesus, e pelo assistente-geral para a América Latina, Frei Rogério Xavier. Frei Rogério destacou a “oportunidade de testemunhar nossa fé e confiança no Evangelho e em Nosso Senhor Jesus Cristo”. Segundo ele, “é essencial, à luz da doutrina social da Igreja, ocupar espaços públicos para promover a fé”.
O ministro provincial da Província São Maximiliano Maria Kolbe, Frei Gilberto de Jesus Rodrigues, detalhou o papel dos missionários poloneses pioneiros e a continuidade da obra no Brasil. Frei Roberto Cândido de Souza, da Paróquia São Marcos e São Lucas, em Ceilândia, afirmou que a chegada dos poloneses e a obra construída desde então foram “guiadas pela luz da fé”. Frei Mieczyslaw Tlaga, da Paróquia São Francisco de Assis, em Valparaíso (GO), testemunhou a instalação da Província no Centro-Oeste e ressaltou a reciprocidade da comunidade local à presença franciscana. Frei Amilton Leandro Gomes Nascimento, também de Valparaíso, destacou a missão mariana da Província.
Por sua vez, Frei Casimiro Cieslik, mestre de pós-noviciado da Casa de Formação São Francisco de Assis na asa norte , expressou gratidão pela “graça de viver no Brasil” e enfatizou a importância da participação dos jovens no trabalho missionário.
Frei Casimiro foi um dos homenageados com uma moção de louvor da CLDF pelos serviços prestados à população do Distrito Federal, juntamente com outros membros da Província São Maximiliano Kolbe. Encerrando a cerimônia, os frades entoaram músicas religiosas, celebrando a ocasião.
Às 19h do dia 23 de outubro, foi celebrada a Santa Missa presidida pelo Frei Mieczysław Tlaga, com a co-celebração do Ministro Provincial Frei Gilberto de Jesus e Frei Flávio Freitas, além da participação de diversos frades da província, incluindo o reitor da basílica.
O celebrante, Frei Mieczysław Tlaga, nasceu em Choiny, Polônia, em 29 de abril de 1947. Ele fez sua profissão temporária entre os Frades Franciscanos Conventuais em 28 de agosto de 1965, e sua ordenação sacerdotal ocorreu em 04 de junho de 1972. Frei Mieczysław chegou ao Brasil em 16 de novembro de 1976, integrando a segunda turma de missões polonesas. Desde então, contribuiu enormemente para a missão, trabalhando inicialmente com Dom Agostinho na fundação do primeiro convento da missão, o Convento Jardim da Imaculada, em 1977. Ele também foi responsável pela construção do Santuário São Francisco em Brasília-DF e exerceu a função de 3º Custódio Provincial. Atualmente, além de colaborar nos trabalhos pastorais da Paróquia São Francisco de Assis, no Valparaíso-GO, é professor e doutor em Direito Canônico.
Você pode acompanhar sua homilia no vídeo abaixo.
No Simpósio, Frei Mieczysław também proferiu uma palestra com o tema "O valor do testemunho evangélico na realidade da Arquidiocese de Brasília".
Todas as suas falas estão disponíveis em nossa live.
Além disso, houve uma exposição feita por Frei Pedro, pároco da Paróquia São José e da Paróquia Imaculada Conceição, com a colaboração de Frei Luís Ventura.
Parabéns, Frei Mieczysław Tlaga, pelos seus 50 anos de missão! Que a Virgem Maria o cubra com seu manto sagrado. Que sua vida religiosa franciscana continue sendo marcada por trabalho árduo, missão e dedicação aos doentes, crianças e idosos, como sempre fez. A Província São Maximiliano M. Kolbe reza por seu ministério e sua entrega ao Reino de Deus, na Igreja e na Ordem.
Na noite do dia 22 de outubro, iniciou-se o segundo dia do Simpósio em comemoração ao Jubileu da Província São Maximiliano Maria Kolbe, a Santa Missa foi celebrada às 19h, presidida por Dom José Silva e co-celebrada pelo Ministro Provincial Frei Gilberto de Jesus, com a participação de diversos frades da província. O coral das Irmãs Salesianas dos Sagrados Corações também abrilhantou a celebração, enriquecendo o ambiente com sua música.
Durante a homilia, o bispo emérito da Diocese de Uruaçu, Goiás, destacou a importância da vigilância espiritual e da prontidão para acolher a presença de Jesus em nossas vidas. Ele enfatizou que a mensagem do Evangelho nos convida a estar sempre preparados, não apenas para o momento da eternidade, mas também para as diversas oportunidades em que o Senhor se revela no nosso cotidiano. "Estamos sempre prontos para receber Jesus em nossa vida? Não apenas no dia em que Ele vier nos convidar para a eternidade, mas nas múltiplas oportunidades em que Ele se apresenta a nós", refletiu.
Após a missa, Dom José participou do simpósio e abordou os temas "O valor do testemunho evangélico na realidade da Diocese de Uruaçu" e "Os primeiros passos franciscanos da missão na Diocese de Uruaçu".
O bispo sempre demonstrou abertura à comunidade conventual. No dia 6 de novembro de 1974, Frei Agostinho enviou cartas, a partir do Convento São Francisco, aos bispos das dioceses de Paracatu, Uruaçu e Januária, oferecendo um trabalho missionário. A resposta mais animadora veio de Dom José Silva Chaves, então administrador apostólico de Uruaçu.
Na carta datada de 11 de novembro de 1974, Dom José expressou sua alegria e esperança: “Chegando ontem ao anoitecer da Paróquia mais distante da sede, encontrei sua prezada carta, que encheu-me de alegria e esperanças. Vinha percorrendo aqueles longos 250 quilômetros e pensando em como resolver o sério problema de tantas almas sem assistência quase alguma quando, ao chegar em casa, leio sua alvissareira carta. Recebo os Franciscanos Conventuais da Polônia, confrades do grande Beato Maximiliano Kolbe, de braços abertos. Venham quanto antes. Darei, é claro, toda a oportunidade para que os frades possam desempenhar, nesta tão necessitada Diocese, a permanente obra da evangelização."
O simpósio também contou com a presença do Frei Rogério Pereira Xavier, Assistente Geral da Federação dos Conventuais da América Latina (FALC). A programação seguiu com uma exposição sobre a Basílica de São Francisco de Assis, apresentada pelo pároco Frei Flávio. Esta basílica atrai um grande número de peregrinos e se destaca como um centro espiritual e evangelizador, preservando tesouros sagrados e possuindo notória importância histórica.
Na sequência, Frei Jorge Elias Oliveira Machado, pároco da Paróquia São Maximiliano, compartilhou um pouco da história da comunidade, lembrando a primeira missa realizada por Dom Agostinho e o fundamento da paróquia em 1999. Ele destacou o trabalho do Frei Amilton, que construiu mais dez comunidades, e os relatos de Juliana e Elton, que finalizaram a apresentação da história da Paróquia São Maximiliano, ressaltando a dedicação e o amor que permeiam a missão franciscana.
O evento foi um momento de celebração e reflexão sobre a importância da missão franciscana, unindo a história e o testemunho dos frades que dedicam suas vidas ao serviço de Deus e da comunidade.
A nossa vida deve ser uma ação de graças contínua. É imperdoável o esquecimento de tal dever. O motivo da nossa presença aqui é justamente para agradecer os cinquenta (50) anos dos primeiros passos da Missão dos Frades Franciscanos Conventuais na Diocese de Uruaçu, e quiçá, no Brasil.
O mantra que mais ouvimos por aí é que a vida religiosa vai acabar.
Não! A vida religiosa não vai acabar. A vida religiosa é dom permanente do Espírito Santo. É um dom à Igreja. Esta afirmação não é gratuita; está presente na doutrina conciliar. É certo que o Concílio não se refere com essa clareza que a vida religiosa tem sua origem no Espírito Santo.
A Igreja, segundo o Novo Testamento, foi confiada à missão do Espírito Santo. Ele é seu imediato e único Santificador. Depois da Páscoa, o Pai e o Cristo Glorioso atuam no e por seu mútuo Espírito. Nesta perspectiva, sem contradizer o princípio dogmático da unidade e indivisibilidade essencial do mistério trinitário, pode-se atribuir ao Espírito Santo toda obra divina na Igreja. O estado religioso, afirma o Concílio, "pertence de maneira indiscutível à vida e à santidade da Igreja" (LG 44).
Faço esta introdução para destacar o imenso bem que as congregações religiosas têm feito à Igreja, ao Brasil e, de modo especial, à Diocese de Uruaçu. Não falo isso para agradar a quem quer que seja, mas é a pura verdade.
Com as caravelas de Cabral vieram também os primeiros evangelizadores: os frades franciscanos. O primeiro ato oficial realizado no Novo Mundo foi, depois de ter erguido a santa cruz, a celebração da santa Missa, pelo então franciscano Frei Henrique de Coimbra. Assim nasceu a Terra de Santa Cruz, o Brasil.
O Brasil recebeu o primeiro anúncio do Evangelho através dos religiosos: franciscanos, jesuítas, dominicanos, redentoristas, entre outros.
Em 25 de julho de 1924, com a bula *"Ad Pastorale Munus"*, criou-se a Prelazia de São José do Alto Tocantins, pelo Papa Pio XI, tendo como sede a mesma cidade, hoje Niquelândia. Até então, só existiam duas circunscrições eclesiásticas no Estado de Goiás: a Diocese de Goiás e a de Porto Nacional, esta nascida também de Goiás.
O núncio apostólico, dom Armando Lombardi, em maio de 1955, pediu à Santa Sé que a Prelazia de São José fosse elevada à categoria de Diocese. Foram trinta (30) anos de luta até que a Prelazia chegasse a ser diocese. Dom Francisco Prada esteve à frente da Prelazia desde 19 de março de 1938 até sua nomeação e transferência, já como bispo diocesano, para a recém-criada Diocese de Uruaçu, tomando posse em 30 de maio de 1957, perfazendo assim 30 anos de longo e frutuoso ministério episcopal.
Em 1968, fui sagrado bispo auxiliar e, logo no ano seguinte, Administrador Apostólico "Sede Plena", isto é, com toda a administração espiritual e material da diocese, restando ao titular apenas o título "diocesano".
Em 1976, assumo o título de Bispo Diocesano. Assumi a diocese com apenas dois (2) padres diocesanos e sete (7) religiosos, sete paróquias, cinco (5) provisionadas, duas sem padre, sendo que uma delas estava sem padre residente há 50 anos.
Tive que enfrentar a problemática pastoral, a realidade de tanta gente que não se podia alcançar, ou por distância, ou por falta de recursos humanos, agentes de pastoral engajados, leigos preparados ou motivados por uma obra apostólica, e, sobretudo, falta de padres.
Ao percorrer a diocese, observava-se que as seitas proliferavam por toda parte, preferencialmente nas periferias e na zona rural. Nessa triste situação, senti no coração palpitar forte a prece do Senhor, que é a oração do Evangelho: "Pedi ao Senhor que envie operários para a sua messe." Ficava impressionado como essas pessoas, abandonadas e maltratadas pelas circunstâncias e pela maldade humana, ainda acreditavam em Cristo e ainda rezavam.
Multidões sem pastor, ou, em casos piores, com falsos pastores, que vinham disseminando a má doutrina no rebanho, interessados apenas no leite e na lã das ovelhas.
O que fazer com tanta gente faminta de Deus? Onde estão os que possam repartir o pão da Palavra nas periferias, na zona rural, em toda parte?
No dia 11 de novembro de 1974, indo de Minaçu para Uruaçu, lamentei e rezei: "Vós, Senhor, multiplicastes na Eucaristia. Senhor, por que não multiplicais também os nossos apóstolos para levar a mensagem do vosso Reino a essa gente, redimida também por vosso sangue precioso?"
Naquele mesmo dia, ao chegar em casa já à noitinha, me deparei com uma carta, junto às demais correspondências, vinda da Polônia. A curiosidade levou-me logo a abrir o envelope da missiva, pois foi a primeira vez que recebia uma correspondência vinda daquele longínquo país.
Que agradável surpresa! De imediato rezei: "Eu vos louvo, Senhor, porque atendestes a minha oração!"
Conteúdo da carta: Os Frades Conventuais poloneses, da Província Imaculada Conceição, ofereciam-se para se instalar na Diocese de Uruaçu; depois de serem rejeitados por outras duas dioceses que, certamente, não necessitavam de sacerdotes (duvido, porque até hoje são carentes de sacerdotes, e por isso não se interessaram). Graças a Deus, não se interessaram!
Naquela mesma noite, escrevi ao autor da carta, frei Stefan Augustyn Januszewicz, respondendo que os recebia genuflexo e de braços abertos. Venham quanto antes (temia que aventureiros lançassem mão do presente); bem que tentaram fazê-lo, desviando-os para o sul do país, oferecendo-lhes vantagens mil, em desfavor de Goiás. A resposta do Frei Agostinho foi franca e leal: "Já temos compromisso com a Diocese de Uruaçu." A diocese estava ansiosa para receber os frades.
Até que no dia 8/12/1974, frei Agostinho chega de surpresa, pela porta dos fundos. Piedoso como era, entrou primeiro pela Catedral, a fim de fazer uma rápida visita ao Santíssimo Sacramento. Providencialmente, eu estava de pé diante da porta da cozinha, quando vejo um padre saindo da sacristia, vestido de hábito preto, esboçando aquele sorriso que lhe era peculiar. Aproxima-se de mim e logo começa a se identificar: "Sou frei Agostinho...". Nem o deixei terminar de se apresentar, fui logo abraçando-o fraternalmente e abrindo as portas do coração e da casa para recebê-lo. Foi um dos dias mais felizes da minha vida.
De imediato, frei Agostinho escreve ao Padre Provincial: "Encontramos nosso lugar de trabalho, fui recebido cordialmente pelo bispo, que é bastante jovem. Aqui temos tudo o que é necessário para realizar nossa missão... Vale a pena nos fixarmos aqui nesta diocese. É realmente próxima da capital do país".
Logo nos dirigimos a Anápolis (o frei e eu), a fim de acertar com os franciscanos menores a possibilidade de um curso de português para o primeiro grupo de missionários franciscanos conventuais que chegaria à diocese de Uruaçu. Acertado, continuamos a viagem até Brasília para sondar o ambiente para uma futura instalação de uma residência franciscana. Houve promessa, esperança, mas nada de concreto.
Tudo encaminhado em Uruaçu, frei Agostinho retorna ao Rio de Janeiro a fim de receber os seus confrades e acompanhá-los até Uruaçu, agora sua nova residência. Depois de desvencilhar-se da burocracia no porto do Rio, chegam os frades: Marcos Januszewcz, Francisco Kramek, Eusébio Wargulewski e o irmão Edmundo Grabowiecki.
Foram recebidos com festa, alegria, efusivos cumprimentos, boas-vindas. Todos queriam abraçar e receber uma bênção dos frades. O povo estava encantado com aquele tipo de padres que ninguém ainda conhecia. Agora é agradecer. Foi o que fizemos: "Bendize, ó minha alma, o Senhor, e não te esqueças de nenhum dos seus benefícios" (Sl 102,2).
Já se foram 50 anos de luta, de sofrimento, mas também de alegria e consolação pela certeza do dever cumprido durante esse meio século, semeando a boa semente da Palavra em tantos corações sedentos de Deus.
A passagem dos primeiros frades conventuais pela Diocese de Uruaçu deixou marcas indeléveis nas pedras de Acaba-Vida, Faz Tudo, Indaianópolis, Traíras, Rola Égua e outras dezenas de lugares. Até hoje, o povo chora a ausência daqueles primeiros saudosos frades. Felizmente, a missão continua na pessoa dos dedicados frades que atualmente integram a comunidade de Niquelândia, semeando com abundância e zelo a Palavra de Deus.
Até a chegada dos frades, Niquelândia estava há vários anos sem uma boa assistência religiosa. Tudo ali era difícil: igreja em estado precário, sem casa paroquial, sem recurso humano para atender o imenso município de 13.000 km², com 60 capelas rurais. Tudo por fazer. O idoso padre Luiz Olabarrieta, CMF (emprestado), homem zelosíssimo e dedicado inteiramente à causa do Reino, por mais boa vontade que tivesse, não era possível atender eficientemente o imenso território.
Em 1º de abril de 1977, chegam os frades, jovens e ardorosos missionários, dispostos a enfrentar os grandes desafios da paróquia. Logo, podemos dizer a respeito da decadente paróquia: "nova sint omnia, recedant vetera!"
Esteve conosco o padre Provincial, que constatou in loco, muito contente, o belo trabalho e a rápida adaptação dos frades. Criou-se a paróquia de São Sebastião em Uruaçu e simultaneamente leu-se o decreto de nomeação de frei Agostinho como o primeiro pároco. Infelizmente, frei Agostinho renunciou em favor de frei Marcos, alegando incompatibilidade com sua tarefa de coordenador e responsável por preparar o futuro comissariado. Assim sendo, frei Marcos assumiu a paróquia.
Com o beneplácito do Provincial, frei Eusébio assumiu a paróquia de Nossa Senhora da Guia, em Campinorte. Fez ali um elo trabalho, deixando saudade e grandes amizades entre os seus ex-paroquianos.
Igualmente, frei Francisco Kramek assume a paróquia Nossa Senhora das Graças, em Rialma, substituindo o padre Jair Fernandes, claretiano emprestado, destinado a Patos de Minas. Prestou um belo serviço pastoral naquela comunidade. A diocese só tem que agradecer o imenso trabalho que os frades conventuais realizaram e realizam no seu território.
Não podemos deixar de lembrar o edificante irmão Edmundo, que também prestou um bom serviço, humilde, dedicado e edificante, à comunidade franciscana e paroquial. Infelizmente, adoeceu gravemente e teve que retornar à Polônia, onde veio a falecer.
Logo chegou a triste notícia de sua morte, o bispo rezou a santa Missa na paróquia São Sebastião, onde trabalhou, com grande participação de fiéis.
Os nossos heróis frades conventuais trouxeram para o Brasil e, de modo especial, para a diocese de Uruaçu, a fé que impulsionou o espírito missionário de São Maximiliano Kolbe a confessar pública e corajosamente a sua convicção religiosa diante daquele déspota chefe militar, que, agarrando o crucifixo que o frade trazia sobre o peito, lhe perguntou: "Tu acreditas nisso?" "Acredito, sim!" Uma tremenda bofetada seguiu à resposta do frei Kolbe. Três vezes repetiu-se a pergunta. Três vezes Maximiliano confessou sua fé. Três vezes levou a mesma bofetada.
Aqui está o segredo dos Franciscanos Conventuais, originários da Província Imaculada Conceição, aos pés da qual frei Kolbe soube forjar o seu caráter religioso e sacerdotal.
O corpo desse grande mártir foi queimado e suas cinzas atiradas ao vento. Numa carta, quase prevendo seu fim, frei Maximiliano escrevia: "Eu quereria ser reduzido a pó em homenagem à Imaculada Conceição e espalhado pelo vento ao mundo inteiro!" Assim foi feito! Aquelas cinzas foram levadas pelo vento do Espírito ao mundo, caindo também um pouco em nosso solo, suscitando germes de vida e de renascimento. Foi o verdadeiro mártir da caridade, do amor que salva e dá vida. O amor sempre constrói.
Parabéns, frades missionários franciscanos conventuais, pelos cinquenta (50) anos de dedicação, doação e zelo à causa do Reino e, sobretudo, de exemplo aos mais jovens.
Não podia deixar de dirigir uma palavrinha ao único que resta dos primeiros missionários que abriram a Missão na nossa diocese: frei Eusébio. Uma criança, com a curiosidade de quem ouviu uma nova palavra, mas não sabe o seu significado, perguntou: "Mamãe, o que é a velhice?" A mãe, num instante de silêncio, fez uma viagem ao passado: infância, primeira comunhão, namoro, casamento, os filhos, as lutas diárias, as dificuldades, a experiência adquirida... Tornou a olhar para a filha que, sorridente, aguardava a resposta. "Olhe para o meu rosto, minha filha", disse a mãe: "Isso é velhice!"
Ela imaginou a menina vendo as rugas de seu rosto, os sinais das pequenas e grandes batalhas da vida, com um pouco de tristeza pelo que passou; surpreendentemente, depois de alguns instantes, a menina concluiu: "Mamãe, como é bela e bonita a velhice!"
Caríssimos, a vida é uma obra de arte: teatro, música, poesia, sorrisos, lágrimas, alegria e tristeza.
Os outros podem nos fornecer alguns subsídios, mas os grandes responsáveis somos nós. Tudo o que é feito é definitivo. Não podemos ensaiar, nem apagar com uma borracha; no entanto, sempre podemos mudar o rumo da nossa vida. Nós somos o resultado de nossas escolhas, mas podemos mudar nossas escolhas a cada momento. O único lamentável é o que nada nos ensina.
Precisamos aprender a viver. Nunca é tarde para isso. A velhice deve ser bela. Precisa ser bela. Devemos aprender a envelhecer. Isso significa acumular experiência, saber quais são os limites da idade e observá-los. Experiência cheia de amor e capacidade de continuar amando e sonhando. Assim, quando a morte acontecer, ela também será bênção. A morte é bela se a vida foi bela. Que vida mais bela do que a do sacerdote religioso, dedicado, zeloso, exemplar, observante, como o foi o nosso Santo Maximiliano Kolbe, Patrono desta Província.
Que a Imaculada Conceição e São Kolbe continuem a derramar escolhidas bênçãos sobre os frades franciscanos conventuais, onde quer que estejam!
Hoje, dia 21 de outubro, tivemos a abertura oficial do Simpósio em comemoração ao Jubileu da Província São Maximiliano Maria Kolbe. O evento começou com a celebração da Santa Missa, presidida por Dom Denilson Geraldo, Bispo Auxiliar de Brasília, tendo como concelebrante Dom Waldemar Passini Bispo de Luziania o Ministro provincial, Frei Gilberto de Jesus e diversos frades da província.
Confira a homilia assistindo à Santa Missa no YouTube:
Após a celebração eucarística, Ministro Provincial, conduziu a Oração de Abertura do Simpósio sobre o Jubileu da Província São Maximiliano Maria Kolbe, marcando o início das festividades comemorativas que acontecerão ao longo de toda a semana.
Em seguida, Frei James Fernandes, o primeiro vocacionado de nossa província, apresentou uma reflexão sobre o tema: "O trabalho realizado por Dom Agostinho Januszewicz à frente da Diocese de Luziânia", destacando a importância do legado pastoral de Dom Frei Agostinho, que durante muito tempo foi bispo de Luziânia.
A Diocese de Luziânia foi criada no dia 29 de março de 1989, mediante a Bula Pastoralis Prudentia, do Papa João Paulo II.
O território da nova diocese foi definido a partir do desmembramento de partes dos territórios de Anápolis, Ipameri e Uruaçu.
Sua instalação oficial ocorreu no dia 10 de junho de 1989, quando da sagração episcopal e posse do primeiro Bispo, Dom Frei Agostinho Stefan Januszewicz, OFM Conv.
Com uma superfície de 16.424,1 km², a Diocese de Luziânia contava, na data de sua criação, com uma população de 500 mil habitantes, assistida pastoralmente por 5 paróquias:
Segundo o IBGE de 2019, a Diocese de Luziânia contava com uma população de 946.467 pessoas.
Dom Agostinho esteve à frente da Diocese de 1989 a 2004, totalizando 15 anos de governo episcopal.
Foram criadas 8 novas paróquias na primeira década da Diocese:
Até a posse do segundo bispo, a Diocese contava com 20 paróquias.
Lema: Per Immaculata – Pela Imaculada.
No sermão do Padre Antônio Vieira, na festa da Natividade de Nossa Senhora, ele disse: "Por que Maria nasceu? Para ser a Mãe do Salvador". Parafraseando o Pe. Vieira: "Por que Dom Agostinho nasceu? Para ser da Imaculada". Ele mesmo recordou, ao celebrar 25 anos de sacerdócio, que sua mãe o consagrou à Imaculada desde criança. Portanto, ele nasceu para ser da Imaculada, ser frade, padre, missionário e sucessor dos apóstolos. Tudo o que fazia, fazia pela Imaculada.
Dom Agostinho, apesar de nunca ter sido pároco, dedicava muitas horas ao sacramento da confissão, sendo um excelente pastor, simples e humilde. Foi um homem de oração e, como bispo, sempre se preocupou com as vocações, rezando fervorosamente por elas.
Como fundador da Missão Kolbe no Brasil, seu legado continua vivo na missão franciscana. Dom Frei Janusz, que foi seu noviço, relembra que a única vez que viu Dom Agostinho chorar foi no dia de sua ordenação sacerdotal, de emoção por ver o primeiro padre fruto da Missão.
Dom Agostinho foi responsável pela construção da Cúria Diocesana, do Centro de Evangelização Caná, e da Catedral de Luziânia, que começou na cripta antes de ser concluída. Ele também trouxe as Irmãs do Puríssimo Coração de Maria da Polônia para trabalhar na Diocese.
Após sua aposentadoria como bispo, Dom Agostinho retirou-se para a Missão no Juruá, Amazonas, onde viveu o restante de sua vida. Seu legado permanece, e sua dedicação à missão franciscana e à Diocese de Luziânia é motivo de gratidão.
Paróquias São Marcos e São Lucas
Outro momento marcante foi a exposição das atividades pastorais das paróquias da Província, com apresentações de Frei Roberto Cândido sobre as Paróquias São Marcos e São Lucas.
Relembrando o início de sua fundação, o frade destacou alguns diferenciais da comunidade. "Em Brasília, nossos números se destacam. São muitas as crianças que participam da catequese. Os crismandos também somam um total de jovens que não se vê em outras comunidades da arquidiocese", explicou o pároco.
Frei Roberto enfatizou: "Os números de nossa paróquia se destacam na arquidiocese de Brasília. Nas outras comunidades,
você não vê um envolvimento tão grande dos fiéis nas pastorais como temos aqui" .
A paróquia tornou-se, então, um solo frutífero para a evangelização. Segundo o pároco, isso ocorreu devido ao trabalho dos missionários poloneses que ali passaram. "A espiritualidade franciscana é percebida nas muitas pastorais promovidas aqui, principalmente no movimento da Renovação Carismática Católica. Obras que só foram possíveis graças aos frades que trabalharam incansavelmente para fazer desta comunidade um jardim de vocações", afirmou Frei Roberto.
Paróquia Santa Clara, no Sol Nascente
Logo após, Frei Henrique Mendonça e Frei Marcelo Dutra falaram sobre a Paróquia Santa Clara, no Sol Nascente. A Paróquia Santa Clara abrange uma área de cerca de 2.625 metros quadrados e está situada em uma região que cresceu entre os anos de 1980 e 1990. A paróquia inclui as capelas de São Benedito, Nossa Senhora da Estrada, Santo Antônio, Felipe Neri, entre outras. Este setor abriga cerca de 100 mil pessoas e é considerado a segunda maior favela do Brasil. A comunidade local expressa sua gratidão pela confiança do cardeal no desenvolvimento desta nova paróquia.
A Paróquia Santa Clara foi criada há dois anos, em abril de 2000, em um terreno doado por um morador, contando com o auxílio de diversos benfeitores. Em 2015, devido à urgência pastoral do Sol Nascente, foi construída uma Casa Filial, com a presença de uma comunidade religiosa franciscana. Hoje, o Sol Nascente enfrenta altos índices de criminalidade e uma situação de grande carência, mas a atuação dos Frades Franciscanos Conventuais tem contribuído para melhorar o desenvolvimento social da cidade. Esse trabalho é um verdadeiro testemunho evangélico da presença da Igreja e da Ordem, guiada pelo carisma de São Francisco de Assis, Santa Clara e São Maximiliano Kolbe.
O simpósio também contou com a participação de Frei Tomasz Król, Delegado da Província de Varsóvia, que reforçou os laços entre as províncias e a missão franciscana ao redor do mundo.
Este evento marca o início de um ano especial de reflexões, celebrações e recordações sobre os 50 anos de caminhada da Província São Maximiliano Maria Kolbe.
Este ano, celebramos 50 anos da Província São Maximiliano Kolbe, ressaltando nossas origens, passos e perspectivas. A celebração do Jubileu, remonta meio século, desde a chegada de Dom Agostinho, no dia 16 de outubro de 1974, estabelecendo a Missão tão almejada pela nossa “Província-Mãe de Varsóvia”, em ação de graças pela Beatificação do frei Maximiliano M. Kolbe, ocorrida no dia 17 de outubro de 1971. Sendo um ideal sagrado, nasceu a Missão no Brasil.
A festa do Jubileu acontecerá na missa central do dia 26 de outubro, às 10 horas da manhã, com a presença do nosso Ministro Geral, frei Carlos Trovarelli; Frei Rogério Xavier, Assistente Geral e Frei Tomas, delegado da Província de Varsóvia. Será uma grande oportunidade de unirmos as frades das diversas jurisdições, tendo em vista que no dia 26 de outubro, teremos a Profissão Solene de três confrades: Frei Tiago, Frei João Victor e Frei Christian.
A festa o Jubileu será de 5 dias, com o Simpósio da História da Província, do dia 21 a 26 de outubro 2024. As celebrações ocorrerão na Basílica de São Francisco de Assis. Às 19h, no Auditório do ISB, haverá as exposição sobre aspectos da História da Província com as presenças dos frades Missionários Poloneses e frades brasileiros nativos.
Essa Semana celebrativa será enriquecida com a sessão que ocorrerá na Câmara Distrital de Brasília dia 24/10, às 09h, e na Câmara Federal, no dia 25 às 10h. Esses são dois importantes eventos que visam prestigiar e valorizar todas as pessoas que colaboraram no nascimento, crescimento e desenvolvimento da Província e as diversas regiões de nossas presenças dando a ela moções de louvores.
A vida de São Francisco de Assis é lembrada por ter sido vivida de forma impactante, pois ele foi capaz de viver um ideal por excelência, sendo para todos um testemunho real a nossa sociedade. São Francisco Assis foi um homem de objetivo nítido, que repercutiu em sua sociedade e até o faz até os dias de hoje no mundo atual, pois conseguiu um grande feito que foi “realizar em vida um ideal pleno, dando sentido a si e aos irmãos.
Normalmente, fazemos memória da mocidade extravagante de São Francisco de Assis, como jovem esnobe, esbanjador, dedicado as paixões, etc. Seus sonhos de adolescente, inspirados pela carga cultural da família, o motivara a ser um nobre, um “ grande cavaleiro” que, mediante os espólios de guerra, poderia realizar seu desejo de nobreza.
Havia nele o sonho de status, de ascendência social, era vigente e perceptível, mas a realidade da vida recaiu sobre o jovem Francisco. Mas, contrário ao desejo de glória humana, está também a miséria humana, desconhecida pelos nobres que almejam a soberba.
Francisco de Assis, após ver a atrocidade da guerra entre Assis e Perugia, na qual Assis saiu derrotada, se tornou prisioneiro, convalesceu-se doente que posteriormente foi resgatados pelos pais. A miséria humana também faz parte de um propósito divino. Vagarosamente, Francisco foi despertando dos seus sonhos íntimos, para constatar a realidade da vida.
Ele foi compreendendo o risco do mundo afortunado, compreendendo que dentro de si Deus o inspirava a uma mudança de vida, um processo de conversão diante das ilusões do prazer, do poder e do ter. A ação divina agiu na vida do jovem Francisco que, diante da enfermidade. Ele se tornou sóbrio aos desejos do mundo, e se abriu ao desígnio e propósito divino.
Assim sendo, nasceu no contato com Deus, através do silencio e a oração um ideal, de forma especial quando ouve a voz de Cristo nas ruinas de São Damião “De joelho diante do Crucificado sentiu-se confortado... ouviu uma voz que vinha da cruz e lhe falou por três vezes Francisco, vai e restaura a minha casa” São (LM, 2,1). Ele abandonou a vida antiga, a família, fez-se de louco pelo amor de Deus, ele iniciou uma vida entregue a fé, na condição de liberdade de Filho de Deus.
São Francisco priorizou, a partir de então, a vida interior, a voz divina em si, tornando-se um novo homem “E afastando-me deles, aquilo que me parecia amargo converteu-se para mim em doçura da alma e do corpo” (Testamento 03). Ele aprendeu a ver em Deus o Sumo Bem, compreendendo que a criação resvala aspectos desse bem, percebendo valor do irmão, o valor da Igreja, o valor da a criação divina.
Esse Ideal vivido por São Francisco de Assis, revela um diálogo constante consigo mesmo, baseado na inspiração divina, compreendendo voz de Deus como dom particular. São Francisco de Assis renovou a vivência do catolicismo na época, viveu intensamente o amor à criação de Deus, à natureza, aos animais, e, sobretudo, ao ser humano. Vivendo em total doação, valorizando especialmente os mais pobres, chamando todas as criaturas de irmãos, se considerava a menor dentre as as criaturas.
São Francisco de Assis viveu por 44 anos, partiu para a eternidade no início da noite de 3 de outubro de 1226, sendo celebrada a sua festa dia 04 de outubro. São Francisco de Assis conseguiu realizar o ideal que questionou sua sociedade, que apontou uma mudança de valores. Tal ideal criou um novo paradigma, ressaltando a grandeza da inspiração divina no interior do homem, respeitando sua liberdade de filho de Deus.
Esse foi o propósito da vida do Pobrezinho de Assis, que não só mudou vida dele, mas impactou a humanidade no decorrer de séculos, transformou muitas vidas, sugeriu uma nova sociedade, uma nova mentalidade, uma nova pessoa.
Fr. Gilberto de Jesus, OFMConv.
Ministro Provincial
Aconteceu ontem (17) a Santa Missa na Basílica de Nossa Senhora de Aparecida, em Aparecida do Norte (SP). Na ocasião, a Santa Celebração foi presidida pelo Cardeal Emérito, Dom Raymundo Damasceno, sendo concelebrada pelos frades sacerdotes da Província São Maximiliano Maria Kolbe e também estiveram presentes frades irmãos religiosos, frades professos, postulantes, paroquianos da Basílica de São Francisco e demais paróquias administradas pela Província.
A Santa Missa foi presidida na intenção dos 50 anos da chegada dos frades ao Brasil. Foi uma oportunidade de rezar pelos frades missionários poloneses, que continuam a na Missão, pelos frades brasileiros sacerdotes e irmãos, pelas etapas formativas, por nossas instituições provinciais, nossa Delegação no Nordeste e nossa Missão no Amazonas.
Que o materno da Virgem de Aparecida esteja sempre com a Província, para realizar o Reino de Deus no meio dos homens! Paz e Bem!
Frei Gilberto de Jesus (OFMConv)
Ministro Provincial
Neste ano a Ordem Franciscana comemora os 800 anos estigmas de São Francisco, ocorrido em setembro de 1224, no Monte Alverne. As chagas que ele portou durante os últimos dois anos de sua vida revelam mais do que uma experiência única no encontro com o Serafim Crucificado, mais uma identificação de quem, em sua vida, buscou assemelhar-se em tudo ao Cristo pobre e humilde da Cruz.
São Boaventura descreve que desde o começo de sua conversão, São Francisco cuidava de trazer em seu corpo, pela mortificação da carne, a cruz de Cristo que já levava em seu coração (LM 1,6). O ponto de partida da devoção de São Francisco a Paixão de Cristo foi o encontro que teve com o crucifixo de São Damião. O Deus que falava com Francisco possuía um rosto: o do crucificado. Francisco tinha plena convicção de que havia o Cristo da cruz que lhe havia falado e confiado uma tarefa concreta que deveria cumprir em toda a sua vida. Desde à sua conversão até sua morte, Francisco buscou viver uma união plena com aquele de quem desejava ser cada vez mais semelhante.
A vocação é um dom de deus. O jovem Francisco vivia ansioso por conquistas, por reconhecimento e glória humana, e deus se serviu dessa inclinação natural para atraí-lo e fazê-lo passar da sede de glória à ambição da verdadeira glória. Em seu diálogo com Deus Francisco se coloca disponível a servir.” Senhor, que que queres que eu faça?” A partir deste momento, há nele uma notável mudança interior, que faz nascer o desejo de conformar-se com a vontade divina.
Assim, inicia-se em Francisco uma inversão total de sua escala de valores. Para melhor conhecer a vontade do Senhor foi necessário que tudo aquilo que antes lhe era amado e desejado possuir, passasse então a desprezar. Com sua conversão escolhe praticar a vida de penitência. E o que antes lhe causava desprezo ou era amargo suportar, convertera para ele na doçura da alma e de corpo.
Com revelação Divina, podemos entender que Francisco não se converteu a uma filosofia de vida ou a um tipo de ideologia. a conversão de Francisco está relacionada a uma Pessoa. Mas, não se envolve com um personagem histórico do passado, e sim, com o Cristo vivo, presente, que fala com ele. Cristo tornar-se para ele” o caminho, verdade e vida” em sua busca de conhecer a Deus Pai (Ad.1,1).
Sua vida de penitência se inspirará cada vez mais a Cristo como o servo perfeito, que manifesta seu amor profundo e total ao Pai, aceitando viver a vida dos homens, suportando a fome, a sede, o sofrimento e, finalmente, a morte em uma cruz para a salvação de todos. Francisco quer ser como Ele. Cristo é o servo perfeito do grande Rei, Francisco também o será.
A experiência da impressão das chagas no monte Alverne, dois anos antes de sua morte, retrata o ápice de toda a vida de um homem convertido a Cristo. Francisco o imita perfeitamente, de uma tal intensidade que devia desembocar quase que normalmente na estigmatização. Assim como Francisco imita a Cristo, padece com ele na Cruz:
“O Senhor, meu Jesus Cristo, duas graças eu te peço que me faças antes de eu morrer: a primeira é que, em vida, eu sinta na alma e no corpo, tanto quanto possível, aquelas dores que Tu, doce Jesus, suportaste na hora da tua dolorosa paixão. A segundo, é que eu sinta, no meu coração, tanto quanto possível, aquele excessivo amor, do qual Tu, filho de deus, estavas inflamado, para voluntariamente suportar uma tal paixão por nós pecadores” (3ª Cons. Estigmas).
Os estigmas da atualidade
De acordo com o Papa, a exemplo do santo de Assis, todo cristão é chamado a ir ao encontro dos "estigmatizados" pelas dores da vida:
"Um discípulo de Jesus encontra no estigmatizado São Francisco um espelho de sua identidade. É por isso que o cristão é chamado a se dirigir de maneira especial aos "estigmatizados" que encontra: os "marcados" pela vida, que carregam as cicatrizes do sofrimento e da injustiça sofrida ou dos erros cometidos. E, nessa missão, o Santo de La Verna é um companheiro de viagem, apoiando-os e ajudando-os a não se deixarem esmagar pelas dificuldades, pelos medos e pelas contradições, próprias e alheias. Se você quiser conhecer bem o Cristo sofredor, procure um franciscano."
A unidade franciscana
Francisco ressaltou a importância da unidade presente no carisma dos Frades Menores, e sublinhou que este também é um chamado de Cristo Crucificado para a missão que lhes foi confiada:
"Seu Santo Fundador lhes oferece um poderoso lembrete para que façam a unidade em si mesmos e em sua história. De fato, o Crucifixo que lhe aparece em La Verna, marcando seu corpo, é o mesmo que foi impresso em seu coração no início de sua "conversão" e que lhe havia indicado a missão de "reparar sua Igreja".
Fontes: Frei Daniel Dellandera, OFM: Mosteiro da Luz e Vatican News
A Igreja nos convida a conhecer mais a fundo Bíblia
Estamos em setembro e, no Brasil, já é uma tradição que este mês seja lembrado como o “Mês da Bíblia”. Setembro foi escolhido pelos Bispos do Brasil como o Mês da Bíblia em razão da festa de São Jerônimo, celebrada no dia 30.
São Jerônimo, que viveu entre 340 e 420, foi o secretário do Papa Dâmaso e por ele encarregado de revisar a tradução latina da Sagrada Escritura. Essa versão latina feita por esse santo recebeu o nome de Vulgata que, em latim, significa “popular” e o seu trabalho é referência nas traduções da Bíblia até os nossos dias.
Ao celebrar o Mês da Bíblia, a Igreja nos convida a conhecer mais a fundo a Palavra de Deus, a amá-la cada vez mais e a fazer dela, a cada dia, uma leitura meditada e rezada. É essencial ao discípulo missionário o contato com a Palavra de Deus para ficar solidamente firmado em Cristo e poder testemunhá-Lo no mundo presente, tão necessitado de Sua presença. “Desconhecer a Escritura é desconhecer Jesus Cristo e renunciar a anunciá-lo. Se queremos ser discípulos e missionários de Jesus Cristo é indispensável o conhecimento profundo e vivencial da Palavra de Deus. É preciso fundamentar nosso compromisso missionário e toda a nossa vida cristã na rocha da Palavra de Deus” (DA 247).
A Bíblia contém tudo aquilo que Deus quis nos comunicar em relação à nossa salvação. Jesus é o centro e o coração da Sagrada Escritura. Em Jesus se cumprem todas as promessas feitas no Antigo Testamento para o povo de Deus.
Ao lê-la, não devemos nos esquecer de que Cristo é o ápice da revelação de Deus. Ele é a Palavra viva de Deus. Todas as palavras da Sagrada Escritura têm seu sentido definitivo n’Ele, porque é no mistério de Sua Morte e Ressurreição que o plano de Deus Pai para a nossa salvação se cumpre plenamente.
São Jerônimo, presbítero e doutor da igreja
Origens
Sofrônio Eusébio Jerônimo é o nome completo de São Jerônimo. Nasceu em Estridão, atual Croácia. Não se sabe a data exata do seu nascimento, estima-se que seja por volta de 347. De família cristã e rica, São Jerônimo recebeu uma sólida educação e, ajudado pelos seus pais, completou os estudos em Roma. Ali, deu-se à vida mundana, deixando-se levar pelos prazeres. Porém, logo se arrependeu, recebeu o Batismo e seguiu a vida contemplativa.
Vida
Jerônimo estudou por toda a vida, viajando a Europa ao Oriente com sua biblioteca dos clássicos antigos, nos quais era formado e graduado doutor. Passando pela França, conheceu um monastério e decidiu retirar-se para vivenciar a experiência espiritual. Uma de suas características era o gosto pelas entregas radicais. Ficou muitos anos, no deserto da Síria, praticando rigorosos jejuns e penitências, que quase o levaram à morte. Em 375, depois de uma doença, Jerônimo passou ao estudo da Bíblia com renovada paixão. Foi ordenado sacerdote pelo bispo Paulino, na Antioquia, em 379. Mas Jerônimo não tinha vocação pastoral e decidiu que seria um monge dedicado à reflexão, ao estudo e divulgação do cristianismo.
Primeira Tradução da Bíblia para o Latim
Chamado pelo Papa
Voltou para Roma em 382, chamado pelo Papa Dâmaso, para ser seu secretário particular. Jerônimo foi incumbido de traduzir a Bíblia (do grego e do hebraico) para o latim. Nesse trabalho, dedicou quase toda a sua vida. O conjunto final de sua tradução da Bíblia em latim chamou-se “Vulgata” e tornou-se oficial no Concílio de Trento.
Suas obras
Romano de formação, Jerônimo era um enciclopédico. Sua obra literária revelou o filósofo, o retórico, o gramático, o dialético, capaz de escrever e pensar em latim, em grego, em hebraico, escritor de estilo rico, puro e eloquente ao mesmo tempo. Dono de personalidade e temperamento fortíssimo, sua passagem despertava polêmicas ou entusiasmos.
Retirada para Belém
Devido a certas intrigas do meio romano, retirou-se para Belém, onde viveu como um monge, continuando seus estudos e trabalhos bíblicos. Para não ser esquecido, reaparecia, de vez em quando, com um novo livro. Suas violências verbais não perdoavam ninguém. Teve palavras duras para Ambrósio, Basílio e para com o próprio Agostinho. Mas sempre amenizava as intemperanças do seu caráter para que prevalecesse o direito espiritual.
Dedicação à Palavra de Deus
Páscoa
São Jerônimo passou o resto da sua vida em Belém, onde sempre se dedicou à Palavra de Deus, à defesa da fé, ao ensino da cultura clássica e cristã e ao acolhimento dos peregrinos. Faleceu em sua cela, nas proximidades da Gruta da Natividade, em 30 de setembro, provavelmente no ano 420.
Contribuição Póstuma
Este santo homem, impetuoso e, muitas vezes, polêmico e divergente, era odiado, mas também muito querido. Não era fácil dialogar com ele, porém deu uma contribuição ao Cristianismo, com seu testemunho de vida e seus numerosos escritos. Com efeito, deve-se a ele a primeira tradução da Bíblia para o latim, chamada Vulgata: traduziu os Evangelhos do grego e o Antigo Testamento do hebraico; ainda hoje, a Vulgata, embora revisada, é o texto oficial da Igreja de língua latina.
Oração
“Grande tradutor e divulgador da Palavra de Deus, foste tão íntimo das escrituras e nos ensinaste esse belo caminho para a união com Cristo. Dai-nos amor à Palavra, dedicação em lê-la, rezá-la e meditá-la como tu mesmo tiveste. Amém.”
Fonte: Canção Nova, Mês da Bíblia e São Jerônimo
A Ordem dos Frades Menores Conventuais é a Ordem religiosa fundada por São Francisco de Assis.