Foi encerrada na tarde de ontem, 22, em Brasília, a programação do Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA), por onde passaram, desde o dia 17, cerca de 7 mil pessoas. A Conferência da Família Franciscana do Brasil (CFFB) teve a sua representação no evento, como foi publicado aqui
O fim do Fórum aconteceu justamente naquele que é considerado pela ONU, desde 1993, como o Dia Internacional da Água, como uma mensagem sobre o manejo sustentável deste recurso tão precioso.
E, sendo organizado por movimentos sociais do Brasil e de muitos outros países, no FAMA foi se discutido a utilização da água alheia aos interesses comerciais e financeiros de grandes grupos empresariais, para que esta continuasse a ser um bem de todos que precisa ser valorizado por todos.
Curiosamente, a admiração deste líquido essencial (e de muitos outros recursos naturais) já vinha sido manifestada pelo criador dos princípios franciscanos no início do século XIII.
São Francisco de Assis, já próximo do fim de sua vida, escreveu o Cântico das Criaturas, em que ele exalta, em 4 versos, a singularidade da irmã água como uma dádiva divina.
Nesta pequena estrofe (leia no fim do texto), tem-se a instituição da sigla franciscana UHPC: Útil, Humilde, Preciosa e Casta. Revelando então para os seus seguidores a valorização e o louvor que deve se render ao nosso bem mais necessário. Tudo que é vivo, só existe pela água. Nada pode ser sem que não seja com água.
Confira o poema escrito por São Francisco em 1226:
Cântico das Criaturas
Altíssimo, onipotente, bom Senhor,
Teus são o louvor, a glória, a honra
E toda a benção.
Só a ti, Altíssimo, são devidos;
E homem algum é digno
De te mencionar.
Louvado sejas, meu Senhor,
Com todas as tuas criaturas,
Especialmente o Senhor Irmão Sol,
Que clareia o dia
E com sua luz nos alumia.
E ele é belo e radiante
Com grande esplendor:
De ti, Altíssimo é a imagem.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pela irmã Lua e as Estrelas,
Que no céu formastes claras
E preciosas e belas.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pelo irmão Vento,
Pelo ar, ou nublado
Ou sereno, e todo o tempo
Pela qual às tuas criaturas dás sustento.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pela irmã Água,
Que é mui útil e humilde
E preciosa e casta.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pelo irmão Fogo
Pelo qual iluminas a noite
E ele é belo e jucundo
E vigoroso e forte.
Louvado sejas, meu Senhor,
Por nossa irmã a mãe Terra
Que nos sustenta e governa,
E produz frutos diversos
E coloridas flores e ervas.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pelos que perdoam por teu amor,
E suportam enfermidades e tribulações.
Bem aventurados os que sustentam a paz,
Que por ti, Altíssimo, serão coroados.
Louvado sejas, meu Senhor,
Por nossa irmã a Morte corporal,
Da qual homem algum pode escapar.
Ai dos que morrerem em pecado mortal!
Felizes os que ela achar
Conformes á tua santíssima vontade,
Porque a morte segunda não lhes fará mal!
Louvai e bendizei ao meu Senhor,
E dai-lhe graças,
E servi-o com grande humildade