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05 Setembro 2018

A Relevância do Sínodo especial para a Amazônia

Escrito por  OFMConv-Notícias

No dia 15 de outubro de 2017, o Papa Francisco anunciou a realização de um Sínodo Especial dos Bispos da Pan-Amazônia, território que compõe a região além da bacia dos rios. Realizar-se-á em outubro de 2019 em Roma[2] cujo tema é: “Novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”.

Esses novos caminhos serão elaborados para e com o povo de Deus que habita nessa região. Exigem que os povos indígenas e das comunidades amazônicas sejam “os principais interlocutores” (LS, 146) nos assuntos pastorais e socioambientais do território, “especialmente quando se avança com grandes projetos que afetam seus espaços” (LS, 146). Aqui, há uma referência explicita à teologia argentina do “povo”, que se diferencia das teologias da libertação. Não há espaço aqui para comparar a experiência social e pastoral da Argentina com outras da América Latina. Na teologia do povo, os protagonistas são os povos com suas culturas respectivas, privilegiando uma unidade histórico-cultural de nação.

As reflexões do Sínodo especial, partindo de um território específico, pretendem superar o âmbito estritamente eclesial para não dizer eclesiástica, e também amazônico, por serem relevantes para a Igreja universal e para o futuro do planeta. “Considero (a Amazônia) relevante para o caminho atual e futuro, não só da Igreja no Brasil, mas também de toda a estrutura social”. [3]

Se na Encíclica Laudato Sí’, o Papa Francisco considera que as mudanças climáticas, a pobreza e o aumento das desigualdades sociais são desafios para todo o planeta, “também para a Igreja universal é de vital importância escutar os povos indígenas e todas as comunidades que vivem na Amazônia, como primeiros interlocutores deste Sínodo. Por causa disso, precisamos de convivência mais próxima. Queremos saber como imaginam um 'futuro tranquilo' e o 'bem viver' para as futuras gerações”. [4]

Está em vigor uma dialética do local e do global. No primeiro Encontro Mundial dos Movimentos Populares em Roma, o Papa Francisco disse: “sei que estais comprometidos todos os dias em coisas próximas, concretas, no vosso território, no vosso bairro, no vosso lugar de trabalho: convido-vos também a continuar a procurar esta perspectiva mais ampla; que os vossos sonhos voem alto e abracem o todo”. O Sínodo e a Encíclica se fecundam mutuamente.

 

O documento preparatório

O Documento segue a metodologia, hoje tradicional e assumida nas esferas eclesiais, do “ver, julgar e agir”. Perpassa no Documento o desejo de romper com as estruturas que maltratam e destroem a vida e com os projetos e mentalidades de neocolonização. Como Igreja, é preciso fortalecer o protagonismo dos próprios povos por meio de uma espiritualidade que valoriza a gratuidade da criação e compreende a vida social como diálogo e encontro. “A Amazônia é um espelho de toda a humanidade que, em defesa da vida, exige mudanças estruturais e pessoais de todos os seres humanos, dos Estados e da Igreja”. [9]

 

VER:

O crescimento sem discernimento das atividades agropecuárias, extrativistas e madeireiras danificou a diversidade biológica, poluiu as águas, empobreceu as populações originárias. Ainda existem resquícios da exploração colonial que enfraqueceu as estruturas sociais e culturais dessas populações. Hoje, vítimas de um novo colonialismo, sofrem processos semelhantes que ameaçam a sobrevivência dos territórios e de seus ocupantes com sua sabedoria no trato com o seu meio de vida. De fato, a Amazônia continua sendo uma terra disputada em várias frentes. Em sua história missionária, a Igreja demorou para reconhecer as culturas dessas populações vivendo em harmonia com o meio ambiente.

 

JULGAR:

“Um conteúdo inevitavelmente social” (EG, 177) inerente à missão evangelizadora, é particularmente relevante nos territórios amazônicos, visto a articulação entre vida humana, social e cultural e os ecossistemas. A ecologia integral não é mera articulação entre o social e o ambiental. É condição necessária mas insuficiente, se falta a promoção de uma harmonia que pede uma conversão pessoal, social e ecológica (cf. LS, 210). O Sínodo é e será uma grande oportunidade de escuta recíproca entre o Povo fiel e os senhores bispos atenciosos ao grito da Amazônia, atualização do grito do Povo de Deus no Egito (cf. Ex. 3,7).

 

AGIR:

Desenha-se uma agenda, um consenso em torno dos direitos fundamentais que inclui um desenvolvimento integral respeitando as identidades e o meio de vida dos povos. Uma prioridade para a Igreja é redefinir os conteúdos, métodos e atitudes para implementar uma pastoral inculturada e capacitada para enfrentar os desafios dos territórios. O Sínodo é um kairós para os Povos e as Igrejas da Pan-Amazônia, pois valoriza todos os processos sociais e eclesiais vividos que produzirão frutos no tempo pós-sinodal.

 

Leia mais sobre o Sínodo da Amazônia clicando aqui.

Via: Franciscanos.

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