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23 Abril 2018

"E" como Escândalo - Os pecados que suscitavam escândalo segundo São Francisco

Escrito por  OFMConv-Notícias

Autor: Emil Kumka OFMConv., docente de Franciscanismo na Pontifícia Faculdade Teológica São Boa Ventura - Seraphicum, Roma - IT. Tradução: Frei Rafael Normando Pinheiro, OFMConv.

 

A palavra elaborada do autor, o capuchinho Andrzej Derdziuk, é dividida somente em dois pontos: 1. Significado teológico de “escândalo”; e 2. Como São Francisco entendia o termo. O Escândalo deriva da omissão ou também da ação que influencia negativamente sobre os outros e provoca o abandono do bem da parte deles. Assim, o escândalo pode conduzir ao abaixamento da vida moral e constituir a justificação para pecar.

Etimologicamente, a palavra latina scandalum provém de offendiculum, que significa “o obstáculo colocado sobre a vida”. O termo inclui as palavras e as obras que criam ao próximo a possibilidade de uma conduta espiritual. No escândalo, a substância é constituída do dar ocasião, por isso, tem um valor moral objetivamente negativo, mesmo se a outra pessoa não comete pecado.

O escândalo é o crime contra o amor ao próximo e contra a justiça que obriga a dar um bom exemplo, especialmente quando um indivíduo efetua a missão de guia ou de responsabilidade de qualquer grupo ou sociedade. Sendo também um crime contra o cuidado da bondade espiritual do outro.

O fundamento da avaliação negativa deste pecado são as palavras de Jesus Cristo: “É inevitável que aconteçam escândalos, mas ai do homem que os causa” (Mt 18,7).

São Francisco olhava com repugnância o pecado do escândalo e advertia os seus frades a não cometê-lo. Sofria tanto por causa desse crime que, quando o via e acreditava, se não fosse pela graça de Deus, o escândalo cometido pelos frades o haveria conduzido à morte (cf. LM 8,3).

Mesmo se não definia quais coisas eram o escândalo, todavia fornecia observações concretas sobre atitudes escandalosas. Na Regra não bulada ordenava: “nem aceitem algum trabalho que gere escândalo ou que leve dano às suas almas...” (Rnb 7,1). Tomás de Celano testemunha que os primeiros frades: “Não queriam fazer nenhum trabalho que pudesse dar margem a um escândalo, mas sempre se ocupavam de coisas santas e justas, honestas e úteis, dando exemplo de humildade e de paciência a todos aqueles com os quais se encontravam” (VbF 39).

São Francisco incluía como fato escandaloso, para dar um exemplo, o ser padrinho (cf. Rb 11,4), porque isso comportava possuir bens úteis para ajudar o afilhado.

Nos pecados que suscitavam o escândalo, São Francisco incluía o ócio, a ganância, a calúnia, a desobediência e a murmuração, porque podem despertar a vontade de possuir os bens, de ser independente dos superiores e de lançar uma má luz sobre os outros.

A suscetibilidade ao escândalo foi julgada por São Francisco como a imaturidade e a instabilidade que se revelam diante às dificuldades e perseguições. A inclinação ao escândalo é o sinal de volatilidade e caracteriza a conduta, que o santo indicou como a falta de raiz em si (cf. RnB 22,15), ou seja, moralmente a falta de “espinha dorsal”, aquela que permite permanecer parado no bem não obstante às circunstâncias.

Como o homem é fraco, deve rezar para conseguir ver o bem do próximo, alegrar-se disso e fugir das ocasiões de escândalo: “... gastando todas as nossas energias e os sentidos da alma e do corpo em oferta de louvor ao teu amor e não por outra coisa, e afim que amemos os nossos próximos como a nós mesmos, atraindo todos segundo as nossas forças ao teu amor, usufruindo dos bens dos outros como se fossem nossos e nos momentos tristes sofrendo juntos com eles e não trazendo dentro de si nenhuma ofensa a ninguém” (OrPat 5).

Para evitar o escândalo, o Assisense propõe aos confrades a confissão sincera (Cf. Mem 28,11-14); a manutenção de paz, serenidade, gentileza e pudor por todos: “Mas enquanto eram assim severos com si mesmos, os seus comportamentos eram sempre suaves e pacíficos com todos; e esperavam somente obras de edificação e de paz, evitando com grande cuidado qualquer motivo de mau exemplo” (VbF 41,2); a abstenção dos próprios prazeres e dos amores peculiares, especialmente quando é superior à fraternidade: “Deve ser – continuou – um homem de vida bastante austera, de grande discrição e louvada fama. Um homem que não conheça simpatias particulares, porque enquanto privilegia uma parte, não geri escândalo em toda a comunidade” (Mem 185,2).

Evitando a não ceder à tentação do escândalo, São Francisco advertia os frades de não indignar-se do pecado do outro, e comandava de diminuir a ira e a ânsia pelo crime cometido por qualquer um.

Não aceitando o pecado, um frade menor deveria fugir do juízo do pecador: “Ao servo de Deus nenhuma coisa deve desagradar, exceto o pecado. E em qualquer modo uma pessoa pecasse e por motivo de tal pecado, o servo de Deus, não mais guiado da caridade, nem ficando turbado ou iroso acumulando para si como um tesouro aquela culpa” (Adm 11,1-2).

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