Notícias

01 Outubro 2018

ESPECIAL FESTA DE S. FRANCISCO: O chamado e a escuta

Escrito por  OFMConv-Notícias

Durante os três dias que antecedem a solenidade de São Francisco de Assis, publicaremos uma série de artigos destacando o vocação franciscana no Chamado, na Compreensão e na Vivência do Pai Seráfico. Este o primeiro texto da série. Para cada um dos temas, um religioso irá fazer uma explanação do ponto de vista religioso. Ao final do texto, confira o Chamado e a Escuta de São Francisco por Frei Altair de Jesus (OFMConv). 

 

 

O chamado e a escuta de São Francisco de Assis

Mesmo que sua obra no seguimento do evangelho seja conhecida por muitos e muitas fiéis através dos tempos, São Francisco não nasceu Santo, mas se fez santo. Ele também não viveu toda a sua vida em consagração ao seguimento do Crucificado, já que por muito tempo perdeu-se no século deslumbrado por seus efêmeros prazeres. Entre o jovem rico e boêmio que era popular na cidade até o Pobrezinho de Assis que fora taxado como louco, há um longo caminho de dúvidas e o desejo em compreender-se. O início do findar desta estrada trilhada nas incertezas de suas aspirações parece chegar apenas quando Deus o chama.

Embora tivesse formação cristã, o jovem Francisco era amante das festas e banquetes e, como muitos de sua idade, tinha a ambição de conquistar fama, riquezas e títulos de nobreza. Para isso, ele precisaria destaca-se no heroísmo das guerras. Em sua primeira batalha, caiu prisioneiro e, no cárcere insalubre e gelado, ficou por cerca de um ano até ser solto. Retornando à Assis, continuou a aproveitar todos os agrados que a boemia poderia proporcionar a ele e a seus amigos. Entretanto, dessa vez a sua diversão não durou muito e, devido às condições às quais fora exposto na prisão, seu organismo enfraqueceu e ele passou a sofrer com uma grave enfermidade. Este período o mudaria para sempre. Não foi apenas uma doença, mas uma longa sabatina em reflexão sobre os seus anseios. Quando se recuperou, não era mais o mesmo: não alegrava-se com os prazeres mundanos como antes o fizera. Foi a forma que Deus escolheu para entrar na vida de Francisco, mesmo que aqui, ele não buscava diretamente o Senhor, mas estava inquieto e à procura de um sentido para sua vida. Que rumo tomar?

Francisco não era mais o jovem festeiro, mas ainda desejava a fama. Incentivado por seu pai que aguardava a oportunidade de enobrecer a família, ele partiu para mais uma guerra. Diferente da primeira vez e tocado pelos últimos acontecimentos, antes de sair de Assis, ele cedeu a um amigo pobre a cara e resistente armadura que o seu pai havia lhe preparado. Este gesto é considerado o seu primeiro sinal de bondade. No caminho, ele adoeceu novamente e não pôde continuar a marcha. Neste momento, teve a primeira experiência espiritual, quando pensou ter ouvido o Senhor lhe dizer:

 – Francisco, o que é mais importante, servir ao Senhor ou servir ao servo?

 – Servir ao Senhor, é claro – respondeu.

 – Então, por que te alistas nas fileiras do servo?

 – Senhor, o que quereis que eu faça?

 – Volta a Assis – lhe diz a voz – e ali te será dito.

Retornando à sua cidade natal e desafiando o desdém dos vizinhos e a cólera de seu pai, Francisco passou a dedicar-se à meditação e à oração. Ainda inquieto e em busca de respostas, viaja à Roma. Lá, tem sua primeira experiência de pobreza ao se sentir tocado com um mendigo e, com ele, trocar as vestes. Despoja-se então de suas nobres indumentárias e traja as roupas sujas e esfarrapadas.

Novamente em Assis, todos passaram a se questionar o que teria acontecido com o filho do comerciante, teria ele perdido o juízo? Francisco agora passava boa parte do seu tempo em busca de lugares tranquilos para rezar. Em uma destas procuras, deparou-se com um leproso, um ser que sempre lhe causou enorme e indescritível nojo. No entanto, desta vez era diferente, ele estava diferente. Como se estivesse movido por uma força maior, Francisco desceu do cavalo e pôs todo o seu dinheiro naquelas mãos sangrentas e, num gesto de carinho e amizade, beijou aquele doente. Falando depois a respeito desse momento, ele diz, “O que antes me era amargo, mudou-se então em doçura da alma e do corpo. A partir desse momento, pude afastar-me do mundo e entregar-me a Deus”.

 

Francisco havia percorrido um longo caminho. Sua vida que antes preenchida por alegrias fugazes, agora ansiava por algo maior. Nada mais que o século poderia lhe proporcionar, era significativo. Não era a fome do corpo carnal que ele sentia, mas uma fome que nenhum dos prazeres terrenos poderia saciar. Era a fome da alma que só pode ser satisfeita com as graças do alto, aquelas que, somente no seguimento do Evangelho se pode encontrar. Para que ele deixasse para trás o caminho mundano, teve de dar atenção à sua própria inquietação. Mas o que buscava? O que pretendia? Isso, somente Deus poderia responder. E, para compreender o que o Senhor esperava dele, teve de ouvir. Mesmo que Francisco tenha recebido o chamado, ele precisou ainda escutar, refletir e orar. Sua vocação não estava destinada a se perder na glória dos homens, mas sim numa vida dedicada ao que o próprio Cristo já havia deixado para nós: o Amor. O processo de escuta é muito importante! Somente quando silenciamos as vozes do século, podemos ouvir o Senhor dizer “Vem e segue-me!”.

“Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá o dinheiro aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me” (Mateus 19:21).

 

Fonte: Canção Nova, Cruz Terra Santa e Franciscanos

Confira a série Vocação Franciscana clicando aqui

 

O Chamado e a Escuta de São Francisco por Frei Altair de Jesus (OFMConv), confira o vídeo: 

Compartilhar

Mídia

Imagens, Reportagem e edição: Mateus Lincoln
Mais nesta categoria:

Artigos

Ver todos os artigos
© 2022 Ordem dos Frades Menores. Todos os direitos reservados

 
Fale conosco
curia@franciscano.org.br