Foi aberto na tarde de ontem (22), na cidade de Guadalajara, no México, o III Congresso Franciscano Missionário da América Latina e do Caribe. Os mais de 140 congressistas, entre religiosos e leigos, estão reunidos para voltar os seus olhos para a caminhada da Igreja no mundo e em nossa região, com enfoque no debate das questões propostas: Cuidado da Criação, Mobilidade Humana e Cultura de Paz. Na abertura do evento, houve também a partilha de duas experiências de evangelização: os mártires de El Salvador e um trabalho com moradores de rua do Centro de Bogotá, Capital da Colômbia.
Padre Mauro Verzeletti, brasileiro, pertencente à congregação dos Scalabrinianos, apresentou um breve panorama da relação entre missão e migração desde os primórdios da humanidade. Citando como exemplo a história de Abraão e Sara que, segundo o padre, foram “migrantes na construção de uma missão sem fronteiras”.
Dentre os pontos de destaque apresentado pelo conferencista estão o de que migrar é um direito universal e alienável das pessoas; o compromisso que a Igreja deve ter com estes que deixam sua terra de origem por conta de diversos motivos. Mencionou ainda diversos pronunciamentos de Papas e Documentos do Magistério da Igreja sobre a migração e a acolhida dos migrantes. Para concluir deixou algumas questões que poderiam iluminar as reflexões do Congresso:
1) Somente construiremos um mundo justo e fraterno com o máximo respeito às diferenças.
2) A tolerância não é suficiente. Fazem-se necessários e urgentes o relacionamento intercultural e o diálogo interreligioso.
3) Nada poderá roubar ou aprisionar a fé, o sonho, a liberdade e a esperança de alguém.
4) Para o migrante, a pátria é a terra que lhe dá pão, acolhida e trabalho (Scalabrini)
5) Trabalho é um direito universal de todos, portanto, o migrante não “rouba” trabalho de ninguém.
6) A política é a melhor forma de fazer caridade, porque trabalha pelo bem comum (Papa Francisco).
7) Quando os Migrantes se movem, movem a História.
A visão da realidade nas conferências latino-americanas
Frei Alberto Nahuelanca, frade chileno com especialidade no tema da Missão, apresentou alguns pontos relativos às Conferências Episcopais Latino-Americanas de Medellín a Aparecida. Primeiramente, deixou clara a importância destas conferências na caminhada da Igreja no Continente e recordou que elas trazem em si fortes traços da influência do Concílio Ecumênico Vaticano II. O ponto comum em todas elas foi a preocupação em perceber a força dos sinais dos tempos para promover uma Evangelização em Sintonia com a realidade.
A questão da justiça social, a opção preferencial pelos pobres, o fomento das Comunidades Eclesiais de Base (CEB’s), a compreensão de Evangelização enquanto promoção integral do ser humano, a conversão pastoral, o cultivo de uma Igreja discípula-missionária está entre os temas que compõem a contribuição destas conferências na História da Igreja Latino-Americana.
Experiências evangelizadoras
Na partilha das primeiras experiências, Frei Tomás O’Nuanain, Missionário há muitos anos em El Salvador, apresentou o drama de muitos mártires que derramaram seu sangue diante da perseguição da Igreja naquele país nos anos 70.
Já o Frei Gabriel Gutierrez, da Colômbia, partilhou o trabalho que realiza junto aos moradores de rua do Centro de Bogotá, na Colômbia. A iniciativa deu origem ao projeto “Callejeros de la Misericordia”, que promove ações para aliviar o sofrimento daqueles que vivem nas ruas, abandonados à própria sorte.
Fonte: Franciscanos.