Na sede da União Internacional das Superioras Gerais (UISG), em Roma, a equipe do Vatican News conversou com as religiosas que participaram do Sínodo dos Bispos 2018, que teve como tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional” e aconteceu entre os dias 03 e 28 deste mês.
Sobre a assembleia, a vice-presidente da UISG, irmã Sally Marie Hodgdon, disse, “Os jovens não querem ser julgados, querem apenas dialogar com sinceridade para saber quem é Jesus, pedindo a nós para mostrarmos a nossa autenticidade e ao mesmo tempo nossa vulnerabilidade, como religiosos e religiosas, se não soubermos lhes dar todas as respostas que precisam”, comentou a religiosa.
Seis das sete irmãs que participaram dos trabalhos falam sobre o Sínodo, a partir de um vídeo sobre as palavras finais, que mostrava o quanto foi intenso “o fogo sinodal”. Para as irmãs, depois do Sínodo a Igreja tem uma nova compreensão de si mesma graças à juventude, como explicou a irmã Alessandra Smerilli, salesiana professora de Economia na Pontifícia Faculdade de Ciências da Educação Auxilium, “os parágrafos iniciais da terceira parte do Documento final referem-se à sinodalidade e são o fruto da experiência vivida na assembleia, graças aos jovens. Eles, que participaram do Sínodo, tomando parte nas discussões, conseguiram mudar nosso ponto de vista, conseguiram fazer com que entendêssemos o que realmente significa escutar: não é possível uma escuta superficial, de ‘fachada’, porque se ao falarmos demonstramos que não os escutamos, eles se darão conta. Este processo nos fez entender o quanto seja importante a sinodalidade, ou seja, o caminhar como Igreja, juntos. A sinodalidade não quer dizer tirar a autoridade dos bispos, não quer dizer ameaçar a colegialidade, que é a dos bispos com o Papa, mas é incluir no processo. Uma Igreja só caminha se todos nós caminharmos. Portanto, os jovens nos despertaram a este sentimento”.
Dos debates, em grupo e na assembleia, surgiu uma nova “faceta” da vida consagrada. Para irmã Alessandra, “o que fascina na vida consagrada é ser testemunho vivo do amor de Deus, que é alegre. Uma vida consagrada que não é alegre não atrai, porque a alegria é a essência da atração de deixar tudo e seguir Jesus. Além disso, a vida consagrada está ligada com a Igreja em saída: quando deve ser defendida a existência dos mais fracos, dos mais pobres, a vida consagrada está presente. O Sínodo pede para continuarmos a ser o que somos em várias partes do mundo”.
O convite é para ir além do debate sobre o direito das mulheres ao voto - embora tenha chamado a atenção da imprensa internacional durante o Sínodo - recordando que no Documento final foi evidenciada a necessidade de um maior reconhecimento e valorização das mulheres na sociedade e na Igreja. As definições do Sínodo, evidenciou a salesiana, “não têm volta” para as mulheres na Igreja. É preciso reconhecer que somos a metade do mundo e que, na Igreja, talvez esta metade não seja muito visível”, acrescentou a salesiana. O Sínodo tomou consciência disso. Tivemos uma ótima surpresa ao saber que esta causa tinha sido assumida por muitos bispos com paixão, e que a Igreja não pode mais sobreviver sem dar espaço às mulheres: uma visão feminina, maior colaboração nos processos decisórios para torná-los mais amplos e inclusivos. De qualquer modo, há muito trabalho pela frente, mas não se pode voltar atrás: é tarefa de todos fazer com que o que foi escrito no texto se torne realidade.
Irmã Lucy chamou a atenção também para a “ação do Espírito Santo” no debate sobre as pessoas homossexuais. “Alguns jovens disseram: são nossos amigos, os conhecemos, vivemos lado a lado, eles precisam ser acolhidos, nós podemos fazer com que a Igreja adulta tenha um diálogo com essas pessoas para ser ainda ‘mais inclusiva’”.
Fonte: Vatican News.