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24 Julho 2019

Alegria da vida contemplativa partilhada: Irmãs com Síndrome de Down

Escrito por  OFMConv-Notícias

As Irmãzinhas Discípulas do Cordeiro, que vivem no centro da França, são a primeira comunidade contemplativa no mundo que acolhe pessoas com Síndrome de Down na vida consagrada. Esta aventura espiritual e humana, vivida sob a proteção de São Bento e Santa Teresa do Menino Jesus, teve origem nos anos 1980 pela amizade entre Line, uma jovem em busca de espiritualidade e que queria viver a sua vocação ao serviço dos mais pequeninos, e Véronique, uma jovem com Síndrome de Down, que queria se consagrar ao Senhor.

 

"Visitei várias comunidades que acolhiam pessoas com deficiência, mas percebi que elas não se adaptariam em tais comunidades porque não eram apropriadas para seu tipo de vida", explica Madre Line, que, mais tarde, se tornou Madre Superiora das Irmãzinhas Discípulas do Cordeiro (Petites Soeurs Disciples de l'Agneau). "Graças ao encontro com a jovem Véronique, uma jovem com síndrome de Down, brotou a inspiração para um novo início. Achei que a devia ajudar a realizar a sua vocação".

 

Véronique sentiu o chamado para servir ao Senhor, mas, devido à Síndrome de Down, foi rejeitada por todas as comunidades por onde passara. De fato, o Direito Canônico e as regras monacais não preveem a admissão de pessoas com deficiência na vida religiosa. Line e Véronique tiveram que esperar 14 anos para obter o reconhecimento dos estatutos desta comunidade especial, que tem um estilo original.

 

Irmã Véronique e Madre Line, as fundadoras da comunidade

 Irmã Véronique e Madre Line, as fundadoras da comunidade

 

O reconhecimento progressivo da Igreja

O início de Line e Véronique foi em 1985, em um pequeno apartamento em uma casa popular; com o tempo, uniram-se a elas outra jovem com Síndrome de Down. Em 1990, pediram a Dom Jean Honoré (1920-2013), Arcebispo de Tours e futuro Cardeal, para reconhecê-las, inicialmente, como Associação pública de fiéis leigos. O apoio do Cardeal Honoré, que defendeu seu caso em Roma, permitiu o primeiro reconhecimento desta comunidade.

 

Em 1995, o número crescente de "membros" forçou as Irmãzinhas a transferir-se para outro lugar, fixando moradia em Le Blanc, uma cidade de 6.500 habitantes, na diocese de Bourges. Dom Pierre Plateau (1924-2018), Arcebispo desta diocese, no centro da França, acolheu-as calorosamente. Com a sua mediação, ajudou a comunidade a dar ulteriores passos, em Roma, para obter o reconhecimento do Estatuto do Instituto religioso contemplativo, que, finalmente, ocorreu em 1999.

 

"Dom Plateau foi um verdadeiro pai para a nossa comunidade: era muito sensível com as pessoas com Síndrome de Down", diz Madre Line. As Irmãs progrediam, gradualmente, aprimorando o Priorado e a Capela. Em 2011, obtiveram o reconhecimento definitivo dos seus Estatutos, graças à mediação do Arcebispo Armand Maillard, que também havia dado apoio à comunidade, fonte de vida e alegria naquele território.

 

Irmã Morgane recebe o hábito religioso

Irmã Morgane recebe o hábito religioso

 

 

Comunidade de vida de Irmãs hábeis e com Síndrome de Down

Atualmente as Irmãzinhas Discípulas do Cordeiro são dez: duas Irmãs hábeis e oito com Síndrome de Down. A comunidade continua com poucos membros, mas com a esperança de aumentar seu número em breve tempo porque as Irmãs com Síndrome de Down precisam de apoio na vida diária. Todavia, na realidade "elas são autônomas, pois a vida contemplativa lhes permite viver em ritmo regular. Para as pessoas com Síndrome de Down, as mudanças são difíceis, mas, quando a vida é regular, conseguem viver melhor", explica Madre Line.

 

A vida de cada dia desenvolve-se com funções diárias, Missa toda terça-feira na Capela e várias atividades: laboratórios de tecelagem e cerâmica e, mais recentemente, a criação de um jardim de plantas medicinais. Enfim, sua extraordinária vocação se realiza em uma vida ordinária, na humildade do serviço, seguindo o "pequeno caminho" proposto por Santa Teresa de Lisieux, cuja espiritualidade é sua grande fonte de inspiração.

 

"Passaram-se 34 anos desde que ouvi o chamado de Jesus. Procurei conhecer Jesus com a leitura da Bíblia e do Evangelho", diz a Irmã Véronique. Nasci com uma deficiência chamada Síndrome de Down. Estou feliz e amo a vida. Rezo, mas fico triste em saber que as crianças com Síndrome de Down não sentirão esta mesma alegria de viver". Para quem sente o chamamento de viver a vocação ao amor, como Santa Teresa, o caminho é longo, mas com paciência e fé produz seus frutos: "Jesus fez-me crescer no seu amor. Após ter sido rejeitada na comunidade, a minha alegria foi grande quando, em 20 de junho de 2009, pude emitir os votos Perpétuos no Instituto das Irmãzinhas Discípulas do Cordeiro. A minha maior alegria é ser esposa de Jesus".

Três Irmãzinhas Discípulas do Cordeiro: Marie-Ange, Camille e Géraldine

 

 

Autoria: Cyprien Viet

Fonte: Vatican News

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