O teólogo que presidiu um grupo de estudos do Vaticano sobre a encíclica Humanae vitae em 2017 foi nomeado vice-presidente do Pontifício Instituto João Paulo II de Roma. O Pe. Gilfredo Marengo, professor do instituto, coordenou os estudos acadêmicos que revisaram os arquivos históricos relacionados a Humanae vitae antes do seu 50º aniversário em 2018.
Em maio de 2018, Marengo disse à CNA – agência em inglês do Grupo ACI – que “Humanae vitae é um documento autorizado da Igreja Católica e faz parte da tradição. Somos chamados a acolhê-lo como é e aplicá-lo com um plano pastoral inteligente”. Embora os meios de comunicação tenham especulado que seu grupo de estudo tinha a tarefa de "atualizar" a Humanae vitae, Marengo rejeitou essa ideia.
Apesar de ser "a encíclica mais discutida nos últimos 50 anos", "não há necessidade de atualizá-la", afirmou o sacerdote. Pe. Marengo foi aluno do Instituto João Paulo II e, em 1989, obteve um dos primeiros doutorados concedidos pela escola, ao escrever uma dissertação sob a orientação do agora Cardeal Angelo Scola, Arcebispo Emérito de Milão. Lecionou no Instituto João Paulo II desde então. O sacerdote solicitou uma conversa entre teólogos com opiniões diferentes sobre a exortação apostólica do Papa Francisco de 2015, Amoris laetitia.
A nomeação de Pe. Marengo acontece após meses de controvérsia no Instituto fundado em 1983. O debate começou quando emitiram novos estatutos ou documentos de governo para o instituto, em julho de 2019. Os novos estatutos foram emitidos em resposta a um anúncio do Papa feito em 2017 de que o instituto seria legalmente refundado para expandir seu currículo, desde o foco na teologia do matrimônio e da família até uma abordagem que também incluiria o estudo da família na perspectiva das ciências sociais.
Após os novos estatutos, estudantes, ex-alunos e professores manifestaram sua preocupação com o papel dos docentes na nova estrutura de governo do instituto, assim como com a redução de cursos de teologia e a eliminação de algumas disciplinas teológicas. Também houve preocupação pela demissão de alguns membros da faculdade, especialmente Pe. José Noriega e Mons. Livio Melina.
Muitos membros do corpo docente disseram que os estatutos não representavam de maneira justa a visão do Papa para refundar o instituto. Em julho, o ex-vice-presidente, Pe. José Granados, sugeriu que houve um pacto entre os administradores da universidade que implementam o plano de reestruturação na escola e os membros do corpo docente que se opuseram. Não está claro se a discussão entre os administradores e o corpo docente continuou, ou qual papel Pe. Marengo poderia desempenhar nessas discussões.
Fonte: ACI Digital.