Pouco antes de viajar para Brasília, onde permanecerá pelos próximos quatro anos, o Frei Flávio Amorim (OFMConv.) escolheu passar os últimos dias na Missão Amazônia fazendo o que fez desde o quadriênio anterior (2015-2019): levando o Evangelho de Cristo para aqueles que estão distantes geograficamente e até isolados tecnologicamente. Assim, nas semanas que se passaram, o frade continuou os trabalhos da evangelização no interior da floresta amazônica.
Percorrendo quilômetros de barco, o Frei Flávio utilizou-se dos rios para ir de encontro às aldeias mais distantes do centro de Juruá (AM). Ele visitou sozinho as aldeias de Paupixuna e Boca do Paupixuna. Lá, celebrou a Eucaristia, realizou o batismo de algumas crianças e levou o movimento fundado por São Maximiliano Maria Kolbe, a Milícia da Imaculada (MI). E assim, fez algo que ainda não havia sido feito: o frade consagrou, pela primeira vez, toda uma aldeia indígena a Cristo pelo Imaculado Coração de Maria.
“Assim que fui nomeado como Vigário Provincial, as pessoas de Juruá ficaram sabendo que eu deixaria a cidade. Então, o próprio cacique me convidou para batizarmos e consagrarmos os indígenas. Nesta aldeia, temos um professor nosso e este deu uma pequena formação às pessoas sobre o batismo e Nossa Senhora”, explicou Frei Flávio.
A chegada na Aldeia
A viagem de Brasília até a aldeia foi um tanto complicada, mas o frade não desistiu de sua missão. “Fiz um voo de Brasília para Manaus e outro de Manaus para Tefé. Chegando em Tefé, não tinha barco para Juruá. Então peguei uma catraia até a cidade de Nogueira. Lá, fiz um percurso de moto até o porto de Alvarães. No entanto, perdi o barco que ia até a aldeia. As pessoas, vendo minha aflição, me ajudaram. Consegui um bote que alcançou o barco com destino à aldeia”, contou Frei Flávio.
Após uma noite no barco, no dia 11, o frade desembarcou na aldeia Boca do Paupixuna. Foi recebido com muita festa pelos indígenas que o aguardavam. Acompanhado de dois indígenas e do professor que faz parte da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, onde Frei Flávio foi pároco, ele se dirigiu à aldeia Paupixuna, onde aconteceria a consagração.
Providencialmente no dia 12, solenidade de Nossa Senhora de Guadalupe, eles chegaram à Boca do Paupixuna. “Nesta aldeia não estava nada preparado ainda. Nem comida. Tivemos que comer farinha de mandioca e sardinha enlatada”, disse.
O batismo foi realizado na beira do rio. Os aldeões reuniram-se em volta do religioso. Estavam presentes mulheres, homens, jovens e muitas crianças. Em um barco Frei Flávio colocou a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe. “Foi uma experiência muito bonita! Falei a eles da história de Guadalupe e como ela tinha um rosto parecido com o deles, uma feição indígena”, disse.
Durante a consagração, o frade repetiu aos indígenas a frase que a padroeira da América Latina disse a San Juan Diego, ‘Não sou eu que sou a tua mãe e que estou aqui?’. O missionário não apenas realizou um último trabalho em nossa presença franciscana no interior do Amazonas, mas, pela Imaculada, ele levou, mais uma vez, o coração de Cristo àqueles que mais precisam dele.
Missão iniciada por Dom Frei Agostinho
Nesta ocasião, o frade pode lembrar-se do trabalho iniciado por Dom Frei Agostinho Stefan (OFMConv.), que primeiro cuidou daqueles que estão esquecidos por muitos e deixados à beira do caminho. "Ele viveu o franciscanismo na sua essência de minoridade e pobreza evangélica, vivendo junto aos indígenas e seguindo o Evangelho quando Jesus nos diz 'ide e fazei com que todos os povos da terra se tornem discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo' (Mateus 28:29)", afirmou o frade relembrando que, em janeiro, celebraremos 15 da chegada do Incansável Missionário da Amazônia à Juruá.
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Texto: Mateus Lincoln.