Paciente como quem tem todo o tempo do mundo, o Frei Eusébio passeia por entre os bancos da igreja. Meticuloso, ele para entre as 15 estações da Via Sacra esculpidas na parede e explica todos os detalhes e significados contidos em cada cena. Não seria estranho ele saber, já que a obra aconteceu durante a sua gestão na Paróquia São Marcos e São Lucas, na Ceilândia, ainda no final da década de 1990.
A calma pode ser muita, mas a energia também o é. Esbanjando disposição, Frei Eusébio surpreende a qualquer um que descobre que ele está celebrando os seus 60 anos de Ordenação Presbiteral. São seis décadas dedicadas a anunciar o Evangelho de Cristo segundo o carisma do Seráfico Pai São Francisco. Destes anos todos, 45 deles foram só aqui no Brasil.
Durante a excursão pelo interior da igreja, muitas pessoas param para falar com ele. Atencioso, cumprimenta cada uma delas e escuta tudo o que precisam dizer. Ouvir é um dos dons deste frade que atende às confissões de muitos fiéis que o procuram todos os dias para receber a Misericórdia Divina. Não é incomum que ele chegue antes que as pessoas para exercer o Sacramento.
Após falar sobre as estações da Via Sacra, explicar como funciona o Confessionário e contar cada uma das referências cravadas no painel do presbitério, o Frei Eusébio nos leva à sala do Santíssimo. Lá, uma senhora que rezava interrompe a sua oração quando vê o frade. Com a mesma atenção dedicada as outras pessoas, ele conversa com ela. Seu olhar demonstra compaixão, seu sorriso o mais puro Amor de Cristo e os ouvidos convidam a quem necessitar. Desta mesma maneira ele tem sido por 60 anos de serviços à Igreja, à Província e, principalmente, ao Povo de Deus.
Vida e obra
Frei Eusébio Wargulewski nasceu na Polônia, em primeiro de maio 1932, na cidade de Osipy. Vindo de uma família de forte tradição religiosa, ele revela que muitos de seus parentes, entre primos, primas e irmãos, também estão na vida religiosa. Alguns até no Brasil. O país europeu tem uma grande presença do Catolicismo e, entre os anos 1960 e 1970, experimentava um enorme fervor nas vocações.
Na época, o mundo todo conhecia a obra de São Maximiliano Maria Kolbe. O Santo dos Tempos Difíceis havia sido beatificado em 1971 pelo Papa Paulo VI. A Província Mãe de Varsóvia decidiu então iniciar uma Missão no exterior para continuar a obra kolbiana de conquistar o mundo todo para Cristo pela Imaculada.
O país escolhido foi justamente o Brasil e, no segundo grupo de missionários, o Frei Eusébio foi enviado junto dos Freis Marcos Ignaszewski, Francisco Kramek e Edmundo Grabowiecki (como havíamos noticiado aqui). Chegaram a terras tupiniquins em 1975. Inicialmente, os frades atuaram em Uruaçu e, conforme os anos se passavam, foram evangelizar em outras cidades. Assim, a Província São Maximiliano Kolbe do Brasil crescia em tamanho e em vocações.
Chegada dos frades ao Brasil.
Como um dos pioneiros desta missão, Frei Eusébio passou por diversas cidades. “No Novo Gama (GO), foram ‘só’ 17 anos. Em Uruaçu, mais 15 anos. Mesmo que eu já tenha saído de lá há mais de 3 décadas, o povo não esquece”, comentou o religioso. Além do serviço paroquial, ele também atuou na formação dos estudantes da Província.
Brincadeiras e Espiritualidade
É unânime! Não há um local por onde Frei Eusébio tenha passado e que sua fama não tenha sido estabelecida. Conhecido por suas brincadeiras, o frade costuma pregar peças em quem desejar falar com ele. A bênção se torna um dolorido e durador aperto de mão. A hora de regar as plantas também pode se transformar em uma ocasião para dar banhos não solicitados aos transeuntes.
A alegria do religioso não está somente nas peças que ele prega. As crianças costumam chama-lo de “Frei Papai Noel”. Os pequeninos correm de encontro ao frade com as mãos estendidas esperando pelo prêmio. Nos bolsos de seu hábito há sempre balas e brinquedos que ele dá à garotada. Se você for adulto, não se entristeça, também pode ganhar doces do frade. Apenas tome cuidado para que estes não sejam atirados em sua direção.
Nem os confrades da Província escapam de suas peripécias. Não é difícil que muitos comentem sobre chaves colocadas dentro do almoço do convento ou sobre a troca do conteúdo de bebidas que seriam dadas como presentes. “O Frei Roberto Cândido foi viajar, mas quando chegou lá não precisou se preocupar com comida já que ‘ele’ havia comprado uma pizza e deixado dentro da mala”, contou o polonês orgulhoso como quem acabara de fazer um bom trabalho.
Além das brincadeiras, Frei Eusébio também é conhecido pelas confissões. Costumeiramente, chega ao confessionário antes que os fiéis que, ao entrarem, já encontram o frade sentado e pronto para exercer o sacramento. “A confissão é muito importante não para mim, mas para o penitente. É a distribuição da Misericórdia Divina. O padre é um distribuidor”, explica ele.
Pronto para ouvir quem estiver arrependido e ansiando pelo perdão, o frade deixa claro a sua função. “O sacerdócio não é apenas celebrar Santas Missas, mas também conceder a reconciliação por meio do Espírito Santo de Deus àqueles que estão perdidos e buscando o seu caminho de retorno ao Pai”, afirmou.
Humilde e caloroso, o frade recebe todos e todas que o procuram. Escuta quem precisa falar. Aconselha quem precisa prosseguir. Vai de encontro aos necessitados. Além da confissão, Frei Eusébio também busca visitar os doentes para levar o Evangelho e o carisma franciscano a quem mais precisa.
Em seu tempo livre, costuma reunir-se com fiéis para confeccionar terços, mais um dos presentes que dá junto com as balinhas. Também se dedica a cuidar das plantas e hortaliças. Mas não importa onde esteja: seja na igreja, no confessionário ou com o povo de Deus: onde o Frei Eusébio está, nunca falta alegria.
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Texto e informações: Assessoria de Comunicação da Província São Maximiliano Kolbe.