Aconteceu em Brasília-DF, entre os dias 09-21 de julho do presente ano, o XXX Curso de Inverno sobre franciscanismo organizado pela União dos Conventuais do Brasil, o qual tratou nesse ano sobre temas relevantes a justiça e paz, estudos na Ordem Franciscana em seus primórdios, questões franciscanas atuais e o magistério de Santo Antônio no franciscanismo. Além de ser um encontro de estudos, que reúne os professos simples, é um momento forte de fraternidade, de oração e convivência. Estiveram presentes os frades da Província São Francisco de Assis de Santo André, da Custódia São Boaventura do Maranhão, da Custódia Nossa Senhora de Koromoto da Venezuela, da Delegação Provincial Santo Antônio do Chile e da Província São Maximiliano Maria Kolbe de Brasília a anfitriã do encontro.
O primeiro tema da Justiça Paz e Integração do Criado (JPIC) foi ministrado pelo frei Josefh Blay, OFMConv que é delegado geral da Ordem para tratar desse assunto. Ele destacou que a JPIC não é um simples tema de formação, mas um verdadeiro carisma franciscano. Ela é um modo de ser, uma atitude de vida do Franciscano. Por qual motivo? Por que o franciscano cuida da criação? Simplesmente porque o mundo é belo, isto é, é dom de Deus. Assim, como o homem está integrado à criação, e não acima dela, não deve agir como dono, dominador, mas como irmão das coisas criadas. O Deus que criou o homem é o mesmo que criou todas as outras coisas. E detalhe: o ser homem não foi o primeiro ser a ser criado! O frade palestrante nos encorajou a zelar por este carisma franciscano. Incentivou-nos a promovê-lo com nossas atitudes, ainda que pareçam ridículas, e a não ficar sempre esperando o posicionamento do outro.
Posteriormente, Frei Alexandre Patucci Lima, OFMConv da província de Santo André apresentou questões acerca dos estudos na Ordem. O referido frade mostrou em sua exposição que o estudo não fazia parte dos meios de ação primitivos da Ordem, mas foi acolhido por São Francisco de Assis. Esse, embora não sendo acadêmico e nem incentivando esse tipo de estudo, deixou um método todo próprio de como estudar, isto é, com a afeição, sem perder a identidade, ou, em outros termos, o espírito da santa oração e da santa devoção. Procurou-se também evidenciar o desenvolvimento histórico do estudo na Ordem, o que foi de muito proveito para todos.
Num terceiro momento a reflexão sobre Guilherme de Ockham, frade filósofo e teólogo do século XIV, iluminou questões atuais a respeito do franciscanismo nos dias de hoje. O assessor desse tema foi o profº Dr. Alex Calheiros, UnB que na sua abordagem sobre Guilherme de Ockham, elencou principalmente o contexto acerca da pobreza e do poder que envolvia este frade, justamente por ser ele um teórico político. Assim, o professor Alex na leitura de um filósofo franciscano conventual, Orlando Todisco, retratou as problemáticas do mundo pós-moderno a partir da filosofia ockhatiana.
Finalmente, Frei Geraldo Monteiro, OFMConv também da província de Santo André trouxe uma peculiar reflexão sobre Santo Antônio nosso querido confrade, que no seu tempo foi valente guerreiro da fé, sobretudo contra os hereges cátaros do sul da França. Antônio é síntese perfeita entre a mais renomada reflexão teológica, fruto dos seus estudos em Coimbra quando era monge agostiniano, e por outro lado, o humilde frade de MontePaulo que amava a Senhora Pobreza e a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Em suma, nesses dias de estudo, oração e fraternidade revitalizamos nossas vocações através do encontro com Cristo pobre e crucificado e com os irmãos. Contudo, como diz o poeta português Fernando Pessoa: “Breve o dia, breve o ano, não tarda, nada sermos”. Portanto, é sempre curioso a fala de um grande mestre de noviços franciscano: “É preciso jogar lenha na fogueira da afeição, para não desanimar e achar um porto seguro” Assim, pedimos que continuem rezando por nós, para que de fato continuemos nesse caminho discipular de Cristo, Senhor Nosso. Amém!
