Júlio César Russo nasceu na comuna italiana de Bríndisi, em 22 de julho de 1559, de Guilherme Russo e Elizabete. Com apenas seis anos, memorizava várias páginas de textos. E assim, ele cresceu saindo-se brilhante em todos os estudos. Aos 14 anos, ficou órfão. Então, um tio seu que era sacerdote, o acolheu e o levou para viver em Veneza, onde aprofundou a sua formação cultural e espiritual.
Convivendo com os capuchinhos que moravam num convento humilde junto à igrejinha de Santa Maria dos Anjos, na ilha de Giudecca, Júlio sentiu-se atraído pela vida pobre e austera que os frades levavam. Logo, foi aceito na Ordem. Tendo vestido o hábito capuchinho em Verona, recebeu a ordenação sacerdotal em 1582 e assumiu o nome religioso de Lourenço. Depois de morto, passou a ser chamado de São Lourenço de Brindisi, por causa de sua cidade natal, para diferenciá-lo de São Lourenço mártir.
São Lourenço deu importância particular à Sagrada Escritura, que aprendeu toda de memória, aperfeiçoando-se também nas línguas bíblicas. Depois da ordenação sacerdotal, recebida das mãos do patriarca de Veneza João Trevisan a 18 de dezembro de 1582, a principal atividade de Lourenço foi o ministério da pregação. Percorreu toda a Itália anunciando a Palavra de Deus. De 1594 a 1597 foi provincial de Veneza e para o mesmo cargo foi chamado para a Suíça em 1598. Dois anos antes, em 1596, foi eleito definidor geral.
Fundamental foi a ação de Lourenço na difusão da Ordem Capuchinha na Europa. Fundou conventos em Insbruck, em 1593, Salzburg, três anos depois. Em 1597 fundou o convento de Trento, e em seguida, 1599, em Boêmia. Em Praga, em 1599, com população na maioria com tendências reformistas e anticatólicas, conseguiu, com intensa atividade apostólica, centrada no ministério da pregação e no diálogo aberto e familiar, fundar um convento e o retorno à fé católica de muita gente. Em 1600 fundou mais dois conventos em Viena e em Graz.
No Capítulo Geral de 24 de maio de 1602, frei Lourenço foi eleito o Ministro Geral dos Capuchinhos e, em primeiro lugar, fez a visita a todos os frades. A Ordem estava com 30 províncias e cerca de 9000 religiosos, distribuídos em toda Europa. Em 1610 a 1613, residiu em Mônaco como representante da Santa Sé. No Capítulo Geral de 1613, eleito pela terceira vez Definidor Geral, foi enviado como visitador à Província de Gênova, onde foi aclamado como Provincial e, por isso, só em 1616 pode retornar à sua Província de Veneza e dedicar-se a um período mais intenso de retiro e oração.
Características particulares da sua espiritualidade, tipicamente franciscana e cristocêntrica, foram o culto a Eucaristia e a devoção a Maria. A santa missa, por ele celebrada com muito fervor, se prolongava normalmente por uma, duas ou três horas e depois, por um indulto de Paulo V, oito, dez ou doze horas. À Virgem Maria ele atribuía cada dom e cada graça, e nada poupava para difundir a sua devoção.
Mesmo aspirando à vida retirada teve, a pedido do Papa, de interrompê-la em missões diplomáticas até ao ponto de adoecer gravemente. Morreu a 22 de julho de 1619, com 60 anos. O seu corpo foi levado para Vilafranca de Bierzo (Galizia), onde foi sepultado na igreja do mosteiro das franciscanas descalças. Apesar dos muitos trabalhos, Lourenço escreveu diversas obras editadas de 1928 a 1956 na Edição da “Opera Omnia”.
Quatro anos depois da morte de Lourenço de Brindisi, foi introduzido, pelo Geral da Ordem Clemente de Noto, o processo de canonização. A beatificação foi em 23 de maio de 1783 por Pio VI e, 100 anos depois, a santificação pelo Papa Leão XIII em oito de dezembro de 1881. Após o exame das suas obras, definidas como “verdadeiros tesouros de sabedoria”, João XXIII, em 17 de março de 1959, declarou São Lourenço de Bríndisi doutor Apostólico da Igreja.
Fontes: Cruz Terra Santa e Franciscanos.