Foi realizado no Seminário São Francisco de Assis, em Brasília, de 08 a 20 de julho, a 31ª Edição do Curso de Inverno de Franciscanismo, um momento de formação que contribui para o discernimento do testemunho e da missão dos jovens frades menores conventuais. Foram trabalhados quatro temas em treze dias de curso. O primeiro dia foi dedicado a acolhida daqueles que vieram de outras regiões do país.
Iniciando o curso, de 09 a 11 de julho, o Frei Pedro Cesar Silvério (OFMCap), da Província dos Capuchinhos de São Paulo (SP), apresentou diversas conferências em que dissertou sobre “A forma de vida e a regra franciscana”, baseando-se na visão do próprio Francisco sobre a Regra a partir de textos, escritos e outras biografias daqueles que conviveram com o pobrezinho. Neste contexto, Frei Pedro Cesar buscou sempre fazer uma hermenêutica aos dias atuais, “A regra para nós, frades, é o nosso modo de ser e viver. E, para a sociedade, uma proposta para esta situação que vivemos hoje”, disse.
Em seguida, nos dias 12 e 13 de julho, o Frei José Cardoso (OFMConv), da Custódia Provincial Imaculada Conceição do Brasil (RJ), falou aos participantes sobre “A Herança Mariológica da Ordem”, baseando-se no estudo de materiais que aprofundam as relações entre a mariologia e o franciscanismo.
Assim, o Frei José abordou o tema partindo da devoção e piedade de São Francisco à Maria, seguindo ainda alguns pontos de Santa Clara, os sermões de Santo Antônio e finalizando em Duns Scoto e a preparação para o Dogmas da Imaculada Conceição, em 1854. Ele explica o método utilizado, “é um panorama bastante intenso para mostrar como na Ordem Franciscana a devoção, a piedade e a reflexão teológica sobre Maria tem deixado uma grande riqueza espiritual para uma teologia franciscana aberta ao futuro”, contou ele.
Continuando as apresentações, entre os dias 16 e 18 de agosto, o Prof. Dr. Marcos Aurélio trouxe a debate o tema “A Escola Franciscana de Paris que e Alexandre de Halles”. Foram trabalhados os inúmeros estudos e correntes de pensamento que esta escola deixou como influência para a Ordem, destacando o pioneirismo de Halles e as realizações do doutor franciscano, São Boaventura.
Marcos Aurélio é doutor em filosofia e professor no Instituto São Boaventura (ISB) e na Universidade de Brasília (UnB). Ele explicou qual a linha principal que guiou os estudos na Escola Franciscana de Paris, “talvez sua principal marca seja entender que o saber teológico é uma experiência de Deus, um saber do afeto e não apenas do intelecto. Para Halles, a filosofia é um saber do intelecto, mas a teologia é um saber que parte da afeição por Deus e que se dá pela experiência. Ou seja, mais do que uma ciência, a teologia é uma sapiência, no sentido de um saber que vem de uma experiência saboreada. Então, ele une o conhecimento intelectual à experiência mística”, explanou ele.
Encerrando as conferências, o Frei Marcos Rocha (OFMCap), também da Província dos Capuchinhos de São Paulo (SP), palestrou, nos dias 19 e 20, sobre “Santa Clara e a história do feminino na Ordem Franciscana”. Durante este período, o Frei Marcos, juntamente dos participantes do curso, fizeram uma introdução aos escritos de Santa Clara com o intuito de compreender uma chave de leitura, a partir do método histórico-crítico, para o acesso acesso à estas fontes clareanas.
Para o Frei Marcus, Santa Clara de Assis tem o seu próprio caminho e personalidade, “Embora ela seja do primeiro grupo, Clara e suas irmãs devolvem para nós, frades, aquilo que, de fato, significa a nossa vocação franciscana: a vida fraterna. Muitos pensam que o nosso carisma seja a Missão, mas esta é uma identidade fundamental do cristão e não um privilégio do frade menor. E, assim como Francisco, ela depura os elementos essenciais da história franciscana ligados à fraternidade”, retratou ele.
Ainda no último dia, foram entregues os certificados aos frades que concluíram os quatros anos do Curso de Inverno nesta 31ª edição do mesmo. São os seguintes freis: Geraldo Leite da Silva Junior, Wagner da Silva Faustino, Beneval Soares Bomfim, Paulo Arante Rodrigues, Marcus Orlando Figueredo Pinto e Maykon Anderson de Oliveira Silva, todos da Província São Maximiliano Kolbe, de Brasília; e Caio Natan Alves e Rafael Gomes, da Província São Francisco de Assis, de São Paulo.
O curso de inverno é um pedido do documento de formação da Ordem, o Discipulado Franciscano, para que os frades no âmbito da culturalidade tenham "uma adequada formação franciscana” (n.85). O Frei Luís Felipe coordenou o curso e comentou a importância de sua realização, “esse contato com as ricas figuras da tradição franciscana ajuda o frade a discernir melhor a sua vocação e entender que temos uma longa história que precisa ser aprofundada”, afirmou.
Dentre as diversas aplicações do curso, fora o conhecimento e as reflexões proporcionadas pelos conteúdos apresentados, há ainda o intercâmbio entre as províncias e custódias do país, como esclarece o Frei Felipe, “o curso facilita o convívio, a fraternidade, a conventualidade e a interculturalidade. São aspectos proféticos do nosso carisma para a Igreja e para o mundo de hoje”, finalizou.
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