Neste mesmo dia há quarenta anos atrás, falecia Paulo VI em Castel Gandolfo, na festa litúrgica da Transfiguração do Senhor. Um Papa cujo pontificado ficou muito ligado ao continente africano e, “numa sociedade que se delineou secularizada e hostil, soube conduzir com sabedoria visionária e às vezes na solidão, o leme do barco de Pedro, sem perder a alegria e a confiança no Senhor”, como afirmou o Papa Francisco em 19 de outubro de 2014, quando beatificou Giovanni Battista Montini.
Novamente, no Angelus deste domingo, Francisco o recordou, rezando para que do céu interceda pela Igreja que tanto amou e pela paz no mundo. O Pontífice da Humanae Vitae será Santo em 14 de outubro deste ano. "Esta vida mortal é, apesar de suas dificuldades, seus obscuros mistérios, seu sofrimento e sua fragilidade inevitável, um fato belíssimo, um prodígio sempre original", lê-se nas meditações do Papa Montini, em que falava de um acontecimento - a "vida do homem" - digna de ser "cantada em alegria".
O postulador da causa de canonização do Papa Montini, o redentorista Padre Antonio Marrazzo, conversou com equipe do Vatican News, a comunicação oficial da Santa Sé. "A mensagem de humanidade de Paulo VI encontramos no “Pensamento da morte” e também no testamento: ali há uma síntese de como o Papa Montini entendia o homem e, em particular, o homem à imagem de Deus", explicou ao Vatican News o padre redentorista Antonio Marrazzo, postulador da Causa de Canonização do Papa Paulo VI. Confira a entrevista completa aqui.
Humanae Vitae
Uma quarta-feira em pleno verão, com a multidão de fiéis e um calor que não vem da meteorologia. Paulo VI está em Castel Gandolfo e preside a Audiência geral na Sala do Palácio Pontifício. A sua primeira frase estimula o fermento. “Hoje as nossas palavras – anuncia – abordarão um tema obrigado acerca da Encíclica, intitulada Humanae vitae…”. Talvez seja o momento que o Papa mais esperava, há dias. O momento de falar diretamente aos fiéis e de falar com o coração aberto de um tema que por muitos anos, e até uma semana antes, o absorveu no esforço de completar um dos documentos mais delicados e complexos do seu Pontificado e da Igreja contemporânea. Leia mais detalhes aqui sobre a encíclica que se tornou um dos legados do Papa Montini e da Igreja nos tempos atuais.
África
O pontificado de Paulo VI teve grande ligação com o continente africano não só pela sua viagem a Kampala em 1969, pela canonização dos Mártires do Uganda, pela sua carta “Africae Terrarum” em que valoriza, com discernimento, a cultura do continente e o convida a ser missionário de si mesmo, mas também por ter recebido em audiência a 1 de Julho de 1970 os líderes da luta pela independência das então colónias portuguesas em África: Amílcar Cabral (Guiné-Bissau /Cabo Verde), Agostinho Neto (Angola) e Marcelino dos Santos (Moçambique). Uma audiência histórica que foi evocada precisamente no dia 1 de Julho deste ano, na Sala Marconi da Rádio Vaticano, onde foi apresentado o livro “Itinerários de Amílcar Cabral”, uma coletânea de postais que Cabral enviava das suas viagens diplomáticas à esposa Ana Maria Cabral e que ela deu agora à estampa com o intento de transmitir o ideal de A. Cabral aos jovens de hoje. Saiba mais clicando aqui.