Acredita-se que Beatriz da Silva tenha nascido em 1437, na vila de Campo Maior, em Portugal. Descendente da linhagem dos reis daquele país e filha de Isabel de Meneses e Rui Gomes da Silva, alcaide-mor de sua vila, Beatriz era de família nobre. Ainda criança, foi levada para a corte régia de Castela, em 1447, como donzela da rainha Isabel, segunda mulher do rei João II de Castela.
Na corte, Beatriz começou a chamar a atenção de todos pro sua beleza e carisma. A Rainha gostava de saber que sua dama de honra era elogiada e querida por todos. Entretanto, com o tempo esse sucesso começou a ser visto com maus olhos pela Rainha que, logo viu em Beatriz uma rival. Com ciúmes, decidiu matar Beatriz. Numa noite, a rainha a levou até à parte subterrânea do palácio e enterrou-a viva em um cofre que ficava no local. No pensamento da Rainha, o “problema” estava resolvido.
Santa Beatriz sentia muito estar prestes a morrer sem receber os sacramentos, mas aceitou a morte próxima. Mas aquilo que parecia o fim transformou-se no grande chamado de Santa Beatriz. Aconteceu que, de repente, uma grande luz brilhou naquele cofre escuro e Santa Beatriz viu a Virgem Imaculada com o menino Jesus nos braços. Nossa Senhora vestia hábito e escapulário brancos e nos ombros um manto de um azul celeste. Sobre sua cabeça brilhavam doze estrelas. Maria, então, disse, “Minha filha, vês os hábitos que trago? Pois bem. No fim de três dias serás livre desta prisão e fundarás uma Ordem religiosa em louvor a minha Conceição Imaculada”.
Após este triste episódio, ela deixa Tordesilhas, onde a corte régia então estava instalada, e vai para Toledo, onde se recolheu no Mosteiro de São Domingos, o Real, de monjas dominicanas. Por devoção, decidiu manter sempre seu rosto coberto com um véu branco, de forma que, enquanto viveu, nenhum homem e nenhuma mulher viu seu rosto.
Ficou neste mosteiro por cerca de 30 anos em silêncio e oração. Foi como certas árvores gigantescas que, antes de lançarem um broto acima da terra, aprofundam suas raízes, que ficam escondidas sob o solo. Assim foi com Santa Beatriz. Nossa Senhora aparece uma segunda vez a Santa Beatriz. E ordenou que ela iniciação a construção de sua Ordem religiosa.
Providencialmente, Santa Beatriz recebeu ajuda da filha de sua adversária, também chamada D. Isabel, a Católica, que, em 1484, doa-lhe os Palácios de Galiana, onde existia uma Igreja antiga que tinha o nome de Santa Fé. Beatriz, na nova casa, começou a adaptá-la para a forma de mosteiro. Levou consigo Filipa da Silva, sua sobrinha e outras onze mulheres, todas de hábito religioso, embora não pertencessem a uma Ordem. E, uma vez instalada na nova casa, escreveu sua forma de vida e enviou-a a Roma, numa súplica conjunta com a rainha. Foi tudo aprovado e outorgado pelo Papa Inocêncio VIII pela bula “Inter Universa” em 1489.
Então assim havia iniciado a Ordem das Concepcionistas: vestiam hábito e escapulário brancos, manto azul e cingiam-se com o cordão seráfico, como na aparição de Nossa Senhora. Mais tarde, todas fizeram os votos perpétuos.
O Mosteiro já estava fundado e tudo já fora preparado para entregar o hábito a ela e às monjas por ela instruídas, quando Nosso Senhor quis chamá-la. Morreu no ano de 1492. Na hora de sua morte, foram vistas duas coisas maravilhosas: quando lhe levantaram o véu para administrar-lhe a unção, foi tal o esplendor de seu rosto que todos ficaram admirados; a segunda aconteceu que em sua fronte viram uma estrela, que lá ficou até que ela expirou e que emitia uma grande luz. Faleceu com fama de santidade.
Em 1511, o Papa Júlio II atribui à Ordem nascente Regra Própria. Dona Beatriz foi beatificada pelo Papa Pio XI em 26 de julho de 1926 e solenemente canonizada em 3 de outubro de 1976 pelo Papa Paulo VI. Sua Festa é celebrada no dia 17 de agosto.
Fonte: Canção Nova, Cruz Terra Santa e Franciscanos.