Entrevistas

Província

Província

A Província São Maximiliano M.Kolbe celebrou no dia 02 de agosto de 2023 a festa de Nossa Senhora dos Anjos. A celebração foi realizada na Casa de Formação de Nossa Senhora dos Anjos, em Santa Maria DF. Estiverem presentes frades da Província, o Ministro Provincial fr.Gilberto, os formandos do Postulantado, o Pré-noviciado, os  frades professos e as pessoas da comunidade.

A festa do Perdão de Assis- As indulgências plenárias

Está festa celebra no dia 02 de agosto, a Festa do Perdão de Assis, Santa Maria dos Anjos da Porciúncula, segundo testemunhou Bartolomeu de Pisa, a origem da Indulgência da Porciúncula se deu assim: “Em uma noite linda , do ano do Senhor de 1216, Francisco estava intimamente compenetrado na oração e na contemplação estava mesmo ali na pequena ermida dedicada a Virgem Mãe de Deus, conhecida como igrejinha da Porciúncula, localizada em uma planície do Vale de Espoleto, perto de Assis, quando, de repente, a igrejinha ficou tomada de uma luz vivíssima jamais vista antes, e Francisco viu sobre o altar o Cristo e à sua direita a sua Mãe Santíssima, acompanhados de uma multidão de anjos. Francisco ficou em silêncio e começou a adorar o seu Senhor. Perguntaram-lhe, então, o que ele desejava para a salvação das almas. Francisco tomado pela graça de Deus que ama incondicionalmente, responde: “Santíssimo Pai, mesmo que eu seja um mísero, o pior dos pecadores, te peço, que, a todos quantos arrependidos e confessados, virão visitar esta Igreja, lhes conceda amplo e generoso perdão, com uma completa remissão de todas as culpas”.

O Senhor lhe disse: “Ó Irmão Francisco, aquilo que pedes é grande, de coisas maiores és digno e coisas maiores tereis: acolho, portanto, o teu pedido, mas com a condição de que tu peças esta indulgência, da parte minha, ao meu Vigário na terra (Papa)”. E não tardou muito, Francisco se apresentou ao Papa Honório III que, naqueles dias encontrava-se em Perugia e com candura lhe narrou a visão que teve. O Papa o escutou com atenção e, depois de alguns esclarecimentos, deu a sua aprovação e perguntou: “Por quanto anos queres esta indulgência”? Francisco, respondeu-lhe: “Pai santo, não peço por anos, mas por almas”. E feliz, se dirigiu à porta, mas o Pontífice o reconvocou: “Francisco, não queres nenhum documento”? E Francisco respondeu-lhe: “Santo Pai, de Deus, Ele cuidará de manifestar a obra sua; eu não tenho necessidade de algum documento. Esta carta deve ser a Santíssima Virgem Maria, Cristo o Escrivão e os Anjos as testemunhas”. E poucos dias mais tarde, junto aos Bispos da Úmbria, ao povo reunido na Porciúncula, Francisco anunciou a indulgência plenária e disse entre lágrimas: “Irmãos meus, quero mandar-vos todos ao paraíso!”

 

 

            Na última quarta-feira, dia 07 de setembro, aconteceu a celebração do aniversário de 50 anos de vida sacerdotal do Frei Miesczyslaw Tlaga (OFMConv). Sua ordenação sacerdotal aconteceu no dia 04 de junho de 1972 em Niepokalanow – Polônia, mas foi comemorado de forma festiva pela Província São Maximiliano Kolbe na Paróquia São Francisco de Assis.

            Estiveram presentes o Ministro provincial, Frei Gilberto de Jesus (OFMConv); o vigário provincial, Frei Flavio Freitas (OFMConv); o conselheiro provincial, Frei José Roberto (OFMConv); o pároco da Paróquia São Francisco de Assis de Valparaíso e guardião do Convento Santo Antônio, Frei Almir Siqueira (OFMConv); Frei Carlos Guimarães (OFMConv), os confrades de diversos conventos, os professos, estudantes de nossas casas de formação além dos sacerdotes diocesanos.

            O Evangelho das bem aventuranças proclamado no dia do Jubileu do Frei Miesczyslaw Tlaga é o de São Lucas, no qual apresenta a palavra confortadora àqueles que sofrem. Jesus Cristo traz esperança aos   pobres, aos que choram, os que têm fome, os que sofrem injustiças. Ele Afirma a todos esses que mesmo diante do sofrimento eles participarão da grande alegria no Reino de Deus”. (Lc 6, 20-26).

            Essa visão esperançosa de Cristo, que aponta a alegria do Reino, mesmo diante das dores, dos sofrimentos e das injustiças é a esperança trazido pelo Ministério Sacerdotal. Com certeza Frei Miesczyslaw, ao longo destes 50 anos de vida sacerdotal, atuou como Cristo para muitos pobres, para muitos que choraram e para muitos injustiçados. O Ministério sacerdotal, assumido em sua vocação, tornou-se luz, alegria, força para muitos desvalidos, sem esperança. Nos altos e baixos da vida, o ministério também fez o frade passar pela experiência do Cristo despojado na Cruz. O fez passar pela experiência da pobreza, do sacrifício, da indiferença, da injustiça, mas sempre com a confiança e esperança de estar realizando a obra de Cristo.

            É diante do Altar, lugar do sacrifício de Nosso Senhor, que Cristo se imolada e se doa por nós em cada celebração, em memória do sacrifício da Cruz. O Mistério Eucarístico realiza a vida da Igreja através do ministério sacerdotal e o Frei Miesczyslaw tem se consumido como vela sobre o altar, atuando “in persona christi”, continuando a ação salvadora Jesus Cristo, seja pela Celebração da Eucaristia, atendo aos fiéis no sacramento da reconciliação, atendendo os enfermos, atuando como Bom Pastor, ao exemplo de Cristo.

 Com certeza o mistério sacerdotal é uma grande dádiva de Cristo, uma graça divina concedida a cada sacerdote, para que possa se converter pessoalmente no serviço aos irmãos. Na oblação diária, isso foi testemunhado pelo o senhor! O dom de Cristo não se realiza sem a resposta livre do homem, sem o sim de cada um, para acolher o presente dado por Deu. Nós exaltamos e louvamos a Deus, pelo dom belíssimo da vocação dada ao Frei Miesczyslaw e também reconhecemos e valorizamos o sim dado ao Senhor no chamado vocacional que Deus lhe fez. O seu sim que o frade assumiu ao longo de todos esses cinquenta anos. Um sim como o de Maria: corajoso, confiante, desafiando o medo, as inseguranças, as tentações. Um sim que gerou vida, que gerou conversões nos corações, o meio do povo de Deus.

            I) Parabenizo pela vida de consagração, pois são cinquenta anos celebrando o Santo Sacrifício de Nosso Senhor, dedicando-se à Igreja e à Ordem Franciscana na Província São Maximiliano M. Kolbe.

            Frei Miesczyslaw Tlaga nasceu na Polônia, em 29 de abril de 1947. Fez sua profissão temporária entre Frades Franciscanos Conventuais em 28 de agosto de 1965. Aos quatorze anos, entrou no Seminário Menor em Niepokalanow. Foi para o Noviciado em 1964 e iniciou seu curso de filosofia em 1966, aos dezenove anos. Em 1968, iniciou o curso de teologia na Cracóvia, sendo Ordenado Sacerdote no dia 04 junho de 1972 em Niepokalanow.

            II) Parabenizo pela vida missionária e apostolado. O missionário está sempre ligado à missão, e pela missão ligado a fé e a Deus. O missionário é um homem como qualquer outro, cheios de fraquezas e falhas, mas se destaca pela virtude da disponibilidade. O seu ministério sacerdotal aponta essa disponibilidade de servir ao Senhor com grandeza. Como exemplo temos sua chegada ao Brasil, em 16 de novembro de 1976, e os primeiros trabalhos pastorais do frade na Paróquia São Sebastião de Uruaçu de 1976 – 1977. É também um grande exemplo a disponibilidade de colaborar com Dom Agostinho, em 1977, na formação do primeiro Convento da Missão no Brasil, no Convento Jardim da Imaculada- GO.

            Frei Miesczyslaw dedicou-se como missionário nos diversos apostolados nas regiões do Centro Oeste, tão carente de sacerdotes. Esteve na Paróquia Santo Antônio (Cidade Ocidental-GO), na Igreja São Pedro Apóstolo (Pedregal-GO), na Construção da Igreja São Francisco de Assis (Valparaíso-GO), no Setor P Norte (Ceilândia-DF) e etc.

             E em 1981, dedicou-se ao trabalho árduo e difícil de iniciar da Paróquia São Francisco de Assis em Brasília, a partir de um grande barracão, para hoje termos o Santuário São Francisco de Assis.

            III) Parabenizo pela vida franciscana. O amor à Ordem sempre foi nítido, a partir dos compromissos como missionário. Frei Miesczyslaw tornou-se o terceiro Custódio Provincial e exerceu o cuidado com nossa jurisdição de 1992 até 1999. Incentivou as vocações no processo formativo da Custódia. Em 1990, juntamente a Dom João Wilk, adquiriu o terreno onde hoje é a sede da Província. Dedicou-se à construção do Seminário São Francisco de Assis. Em 1995, fundou o Instituto São Boaventura e posteriormente construiu os prédios do ISB e CEFEC.

São grandiosas as obras realizadas por ele em nossa jurisdição e hoje exerce seu ministério com simplicidade, como vigário, agindo modestamente em seus 75 anos de vida, 50 anos de vida sacerdotal e 46 anos de presença no Brasil como missionário. A alegria e testemunho franciscanos são presentes em seus ensinamentos do Evangelho, sendo capaz de tocar o profundo dos corações, com parábolas apontando verdades evangélicas de forma sutil e carinhosa.

            IV) Parabenizo pela vida acadêmica. Um ano após sua ordenação em 1973, ele continuou os estudos de direito canônico em Dublin, finalizando em 1976. Seu empenho acadêmico, mesmo diante dos trabalhos da jurisdição, o fez voltar aos estudos, se aprofundando nos Estados Unidos e recebendo título de Doutor. Mesmo com diploma importante tem servido humildemente à Igreja e à Ordem, dedicando-se e atendendo no Tribunal Eclesiástico da diocese de Luziânia. Ensinando na formação de nossos frades, ministrando as disciplinas de Direito Canônico nos diversos institutos acadêmicos do Brasil.

            Parabenizamos o Frei Miescislaw pelos 50 anos de vida sacerdotal! Que a Virgem Santíssima lhe cubra com seu Manto Sagrado. Que a sua vida religiosa franciscana seja um sinal de transparência e de luz. Parabéns e que Deus abençoe sua vocação sacerdotal!

 

Frei Gilberto de Jesus, Ministro Provincial.

Fr. Víctor Ml. Mora Mesén, OFM Conv.

 

     Na sociedade em que vivemos, a influência dos meios digitais introduziu uma percepção da realidade muito diferente da que tínhamos alguns anos atrás. Antes, a realidade se limitava à experiência objetiva do que estava acontecendo, ao fenomenológico, entendido como manifestação material, cultural ou histórica do devir das coisas e percebido pelos sentidos, emoções ou razão. Hoje o real adquire contornos muito diferentes, pois a forma como é concebido passa também pelo universo codificado digitalmente, que separa o indivíduo do imediato e o transporta para o domínio do mediado e do não circunscrito a um contexto objetivo. Além disso, para muitos o que é transmitido pela rede mundial é mais real do que é percebido na experiência ordinária e direta. O que se vive no mundo digital passa a ser incontestável porque é fruto da opinião e, como o indivíduo não pode ser julgado pelo que lhe é lícito dizer ou pensar, acaba-se por identificar a verdade com o subjetivo. Não é necessário ser realista em sentido objetivo, mas criar ou ter uma opinião do que acontece ou da identidade pessoal ou aliena, independentemente de seus fundamentos. Claro, a opinião é apenas isso: momento fugaz e razão defendida no instante e, por tanto, mudável ainda freneticamente.

     Essa forma de pensar gera uma grande preocupação no âmbito do pensamento crítico, não só porque dispensa ao produtor de opinião da lógica, mas também porque não implica a necessidade de buscar bases sólidas ou evidências reais no que se discute: o pensar se torna independente de seu fundamento objetivo. Tudo isso repercute diretamente na formulação da inteligibilidade da fé: hoje a emotividade é exaltada em detrimento do fundamento histórico; o “gostoso”, a nível emocional-religioso, é preferível ao conteúdo objetivo de uma fé baseada na experiencia histórica compartilhada; como consequência, a exaltação do ego religioso é preferível ao compromisso comunitário, social ou político. Um professor de teologia me disse que ele pensava que o êxito do discurso moralista atual não tem bases no desejo de conversão pessoal, mas na exaltação de um ego que se reafirma como superior a outros, aos quais considera «moralmente» inferiores. Esta é uma observação muito interessante e oportuna, mas que tem necessidade de uma nuance: o narcisismo que esta postura implica é uma obsessão tão difícil de manter que termina sucumbindo na incredulidade e que pode sobreviver unicamente na repetição continua de um discurso que não se acredita né se quer viver, mas que se deseja impor aos demais -tal vez por um impulso perverso incontrolável, como aquele farisaico dos evangelhos. Como resultado, o caráter histórico da fé, como critério de confiabilidade heurística, deixa o seu lugar à oportunidade de satisfação imediata da necessidade sentida. Assim, a probidade doutrinal fica em segundo plano, independentemente das repercussões que essa opção tem na vida e na espiritualidade do Povo de Deus. O imediatismo dos “dons” supera a “razão” da graça e a objetividade do pensamento, que é deslocada pelo "ganho espiritual", não raras vezes recompensando ao facilitador da experiência religiosa (ministro, pregador, médium) com mais bens materiais que elevações contemplativas da alma.

     A teologia dogmática, porém, não é a única que sofre com esse retrocesso da compreensão da fé, também no campo da interpretação bíblica tem lugar uma renúncia à busca histórico-crítica que permite uma maior compreensão da realidade literário-teológica do texto: esta é suplantada pela criação de ficções interpretativas de acordo com as necessidades sentidas dos crentes ou os interesses do intérprete. Sim, o mundo digital, que trouxe consigo a exaltação subjetiva, também se apresenta como destruidor da objetividade histórica, porque a considera um ponto de vista inferior e inútil, até no mesmo sentido pastoral, que gera permissões devastadoras a nível existencial e moral (notemos aqui também o falso discurso que mencionamos antes). Não há dúvida de que, quando Bento XVI e o Papa Francisco criticaram a qualidade das homilias, referiam-se não só à cansativa martelada moralista desatualizada, mas também àquela atitude fácil de um discurso adaptado a outros interesses que não implicam seguir a Cristo e contemplar o passo de Deus na sua história.

     Embora o que foi dito até aqui pretende ser uma descrição sumária do que encontramos hoje no discurso religioso, queremos também nos perguntar sobre outra questão, não menos urgente, que tem uma relação imediata com o problema religioso-discursivo atual. Como a Sagrada Escritura pode-nos ajudar a enfrentar o desafio de discursos pobres em conteúdo, mas com um grande poder manipulador na esfera religiosa a causa de sua publicidade? E, consequentemente, nos perguntamos também, como garantir uma interpretação dos textos bíblicos que nos liberte do laxismo hermenêutico subjetivista? Além de tudo isso, seria justo ainda perguntar: Como a experiência objetiva da realidade se articula nos textos bíblicos com a memória histórica e com a ficção inerente a toda produção literária?

Como o interesse urgente é pastoral, esta última pergunta não pretende ser um simples exercício acadêmico. Ao tentar respondê-la, encontramos o núcleo essencial da compreensão da Sagrada Escritura. Para entender isso, temos que nos referir à Dei Verbum, onde se estabelece que a fé judaico-cristã tem sua origem em eventos históricos, por isso o acontecido é essencial para confessar a presença de Deus em meio do suceder-se das vicissitudes humanas. Ou seja, um Deus encarnado não pode ser confessado se não a partir da convicção de que uma experiência objetiva e histórica o revela.

     O problema deriva da consideração da Bíblia como literatura, porque implica uma série de premissas importantes que importa considerar. A literatura pode ser entendida como um adjetivo para um grande número de expressões escritas, cujo grau de ligação com a realidade acontecida é diversificado. Escrever uma carta para resolver ou iluminar conflitos humanos de um grupo de pessoas distantes do remetente da mensagem, não é o mesmo que escrever uma história para educar os destinatários em determinada doutrina, onde não importa sua veracidade histórica, mas sim a verdade da mensagem transmitido por esse gênero literário. Da mesma forma, uma lei não é o mesmo que um oráculo, ou a poesia que a narração. Estes exemplos nos alertam para fazer uma distinção importante: na Bíblia encontramos tanto a história (no sentido estrito, como revisão historiográfica) quanto a ficção. Encontramos nela um gosto pelo estético, juntamente com um pragmatismo utilitário; um discurso direto na boca dos personagens principais, como um discurso indireto e decididamente parcial, expressado por um narrador.

     A ficção também nos estimula a pensar e perceber a realidade de uma forma diferente, mas isso não significa que ela seja unicamente uma obra de um gênio criativo ou fantasioso. Que diferença existe entre a mistura de historiografia e ficção literária, com a realidade experimentada e o subjetivismo produzido na era digital? A primeira resposta espontânea seria “nada”. Mas, estamos diante do mesmo fenômeno humano? Es dizer, a interpretação exegética do texto bíblico suscitada por o impacto literário do escrito, se pode semelhar a aquelas distribuídas por as redes sociais? O que diferencia os esforços exegéticos das fantasias interpretativas divulgadas sem fundamento de objetividade nas redes socias?

     Obviamente não podemos igualar o grau de expressividade e certeza doutrinária a todas as passagens bíblicas, independentemente de seus gêneros literários; embora a tendência acrítica atual seja considerar a Bíblia como uma unidade na qual cada fragmento tem o mesmo valor que o todo (uma radicalização do conceito luterano da Sola Scriptura, que se aparta facilmente de uma visão mais histórica da fé). Isto equivale a afirmar que para muita gente o gênero literário não é decisivo na compressão do texto, o que é totalmente falso e, portanto, é necessário esclarecer o alcance do valor historiográfico de cada substrato literário da Bíblia, a fim de delimitar o alcance do discurso religioso afirmado (Incluso por o pregador popular, no sentido de publicitado, conhecido, aclamado e seguido!).

     Essa tarefa deve ser compreendida não nela perspectiva da veracidade histórica, mas pela relevância da criação literária no contexto histórico-real de sua composição. É necessário, por tanto, um mínimo de conhecimento semântico e contextual para alcançar uma maior compreensão do significado do texto, porque o contrario implicaria que toda interpretação da Bíblia seria fruto da imaginação criativa e caprichosa.

     É por esta razão que na reflexão bíblica se começaram a desenvolver diferentes definições do que significa ser um verdadeiro “leitor” da Escritura Sagrada. Não há dúvida de que no centro do processo comunicativo da Palavra de Deus na Sagrada Escritura está a relação entre texto e leitor. Essa afirmação é fundamental para entender algumas coisas essenciais: 1) compreender a Palavra de Deus em seu testemunho escriturístico requer um processo hermenêutico, porque a distância histórico-cultural e politica da composição dos textos é grande demais, sem que isto signifique a impossibilidade de ter uma compreensão suficientemente fundada em considerações sintático-semânticas objetivas; 2) que existe uma importante distinção entre texto e Palavra de Deus, que pode ser exemplificada por a dupla “meio de comunicação e mensagem”, o texto é só um médio de transmissão, que pode ter varios valores comunicativos determinados por o contexto onde são proferidos; 3) que a mensagem não é independente do leitor, pois o texto que a transmite tem que ser decodificado para ser captado e compreendido, ou seja, a mensagem é dirigida a alguém que tem que entendê-la o não criá-la de maneira aleatoria. São coisas simples, mas não necessariamente óbvias, porque em primeiro lugar se tem que determinar que tipo de abordagem é adequado para entender a mensagem em uma situação comunicativa concreta, criada por a estrutura textual: o leitor tem que consentir com as indicações textuais que permitem compartilhar o mesmo contexto e código comunicativo, assim a Palavra de Deus se pode fazer evidente. A Dei Verbum já falava de algumas condições necessárias para a reta compreensão dos textos bíblicos, pois a palavra divina se expressa em palavras humanas e, portanto, é preciso compreender as formas de comunicação dos autores do texto para elucidar o conteúdo revelado por Deus. O que implica poder contextualizar os atos de expressão comunicativa no contexto interpretativo adequado e no uso da linguagem determinado por as intenções do autor. Poderíamos resumir tudo isso em uma simples pergunta: O que tipo de leitor pode perceber a Palavra divina no texto?

     Para responder poderíamos nos referir às considerações de Umberto Eco sobre o leitor modelo, a aquelas de Wolfang Iser que falava do leitor informado, e de Robert Fowler que considera os processos de desfamiliarização nos usos da linguagem. Outras propostas também são muito esclarecedoras, mas esses três autores nos permitem penetrar em um cenário possível para fazer da interpretação da Bíblia uma inspiração para pensar criticamente no mundo de hoje.

     A ideia de Eco é muito simples, mas exemplar. O texto determina quem é o leitor modelo por meio de sinais linguísticas presentes em cada uma das frases da obra. Trata-se, então, de uma série de instruções linguístico-contextuais que são necessárias para dar sentido ao que se escreve. É o que acontece com a determinação do contexto definido pelo texto para a correta interpretação do que é dito, fora desse contexto a mensagem que quer transmitir o autor é falsificado. Isso não significa que o leitor “deve” aceitar tudo o que o texto propõe, mas pelo menos ele deve consentir com uma descrição mínima das condições da comunicação. Isso implica que o que não é introduzido pelo contexto deve ser inferido do conhecimento do autor sobre o mundo linguístico-contextual, pois este é o ponto de referência básico de toda linguagem. É neste ponto que a ideia de Iser de um leitor informado é pertinente: em textos antigos são necessários certos tipos de conhecimento mínimo para poder decidir como entender o contexto literário e as declarações subsequentes. Portanto, problemas de semântica, gramática, morfologia, história, geografia e cultura tornam-se relevantes para o leitor. Se dispensarmos a ideia do leitor informado de Iser, o mundo de referência da interpretação será apenas o atual, o que facilmente levaria ao erro comunicativo.

     Duas características de um leitor crente aparecem evidentes agora: ele deve estar atento às indicações sintáticas que o orientam para a correta compreensão do que é dito; além disso, ele deve estar suficientemente informado sobre os usos linguísticos e o contexto da composição do autor. A novidade nestes dois pontos de vista é que a Dei Verbum só considerou importante a informação como meio de compreensão, mas na realidade o texto está criando uma situação comunicativa particular, aquela que é descrita por meio da linguagem, onde umas regras de ação e de configuração contextual são desenhadas ad hoc. Em outras palavras, o texto cria um mundo paralelo ao real, no que o leitor deve entrar se quiser entender as expressões que se sucedem no texto. Estas regras tem a função de evidenciar certos condicionamentos interpretativos da realidade literária e definir os âmbitos que podem ser fornecidos pelo leitor a partir de seu conhecimento enciclopédico da realidade linguística. Isto é o que permite construir uma imagem, uma intenção, uma práxis comunicativa, que se oferece ao leitor para ser aceito ou rejeitado por ele. Quanto mais se conhece o mundo do autor, mais podemos compreender o caráter ficcional da obra literária, pois ela deixa de ser uma descrição da realidade do autor, para se tornar um novo mundo de significados, ações e relações nascidas do processo de comunicação. Que relação tem esse mundo ficcional com a experiência da realidade do leitor?

     Várias coisas entram em jogo aqui. Em primeiro lugar, é fundamental a relação entre texto e história vivenciada ou conhecida pelo autor. Há um grande componente de memória nos textos bíblicos, pois a razão de escrever não é meramente estética, embora pudéssemos discutir o caráter histórico específico de alguns textos como o Cântico dos Cânticos, pois algumas obras não pretendiam ser historiográficas, mas partem da experiência humana interpretada para criar ferramentas de comunicação. Assim, a história como memória pode referir-se tanto a acontecimentos singulares quanto a interpretações mais genéricas da existência humana, ou seja, a considerações mais abstratas e menos concretas. Assim podemos entender a descrição da experiência do amor humano e da genitalidade que se relaciona com as tradições religiosas do antigo Israel nos poemas do Cântico. Responder quanto a literatura se aproxima ou se afasta da realidade concreta não faz sentido, mas sim seu caráter realista.

     Em segundo lugar, as diferentes modalidades literárias criam, por sua vez, visões de mundo diversas e às vezes até exclusivas. Poderíamos falar de perspectivas humanas, teológicas ou políticas. Mas também de coisas mais diretamente ligadas à oferta estética: a concretização do que é belo, do que é desejável e vital. Metáforas, histórias, fantasias relacionam-se com a realidade não apenas porque são vivenciadas como agradáveis, curiosas ou irônicas, mas porque elas mesmas são fonte de transmissão de conhecimento. Nas palavras de Paul Ricoeur, elas estabelecem novas relações de significado, que estão diretamente relacionadas à compreensão da vida.

     Tudo isso tem que nos fazer refletir sobre outra perspectiva de raciocínio, a desfamiliarização produzida pelo texto. Isto é, pelas impertinências predicativas que levantam a questão sobre o sentido dado ao mundo em determinado momento. Desfamiliarizar implica abrir o contexto interpretativo para outras esferas, tanto da linguagem quanto da forma como a realidade é concebida. É, portanto, é um desafio para criar novas formas de vida e de comunicação. O texto bíblico, nessa perspectiva, abre-nos para novos processos de compreensão da manifestação de Deus na história, por meio da grande gama de significados possíveis suscitada pela mesma coleção canônica de livros. Simplificando: o texto nos convida a mudar a ideia que temos de Deus para atender sua presença com maior lucidez. Isso definiria uma terceira caraterística do leitor bíblico: ele é uma pessoa aberta à mudança de pensamento e a considerar a ação de Deus como um processo que desconstrói convicções ideológicas que não permitem o crescimento da humanidade.

     Essas três características do leitor bíblico determinam uma forma de compreender não só o texto, mas também as consequências que a leitura traz para a vida das pessoas. Com efeito, entender o texto como uma produção histórico-literária e implicar dele um leitor modelo e a necessidade de um leitor informado, fala de uma abordagem da realidade que vai além da relatividade discursiva, embora concorde com a relativização de um discurso absoluto e definitivo.

     Assim, ao considerar a diversidade teológico-literária da Bíblia, notamos que a configuração dessa coleção de textos quer abranger um conjunto de perspectivas tão amplas quanto o é pensar sobre a vida. É verdade que a Bíblia nos refere a situações cultural e historicamente situadas, mas a abertura literária e a influência de correntes de pensamento não-israelitas ou judaicas que podem ser encontradas nos textos bíblicos, sem falar das controvérsias ideológico-religiosas (mesmo no NT), nos introduz no campo da paixão por compreender a existência de forma integral. Temos que afirmar que pensar dessa forma uma proposta de pensamento baseada na experiência religiosa é desafiar qualquer corrente de pensamento filosófico ou axiomático. E não só, mas também qualquer tipo de raciocínio que tenha a ver com o mundo humano vivenciado, vivido e assumido como desafio existencial.

     Agora, no cerne desse pensamento tipicamente bíblico, é preciso colocar a categoria de “memória”, não porque estamos falando simplesmente de experiências possíveis ou prováveis de personagens do passado, mas como síntese da experiência refletida e atualizada em formas literárias. Essa experiência pode recorrer à ficcionalização, não para criar mentiras ideológicas, mas porque o futuro das pessoas teve que ser moldado por imagens, que permitiam um crescimento humano integral.

     O mesmo deve ser dito do NT, mas com algumas observações preliminares. O centro dessa literatura é o querigma, mas expresso em várias formas. A mais antiga é a epistolar, que implica não só uma relação direta com as necessidades das comunidades cristãs, mas também a urgência de esclarecer o conteúdo da pregação apostólica e sua diversidade. Esta segunda afirmação tem uma importância capital, porque o evangelho foi compreendido e difundido por pessoas condicionadas cultural e religiosamente e, ainda, subjetivamente impactadas por a sua mensagem. Portanto, não é surpreendente que nos Atos dos Apóstolos se diga que alguns dos discípulos que se opunham a Paulo eram sacerdotes ou fariseus convertidos. As consequências da mensagem evangélica, iniciadas pelo evento Pascoal, não foram tão óbvias e simples de descrever ao que parece. Isso nos fala sobre a outra característica do leitor bíblico: ele deve estar aberto não apenas à diversidade de autores, gêneros literários, contextos histórico-culturais, mas também aos diversos contextos hermenêuticos contemporâneos. Podemos afirmar isso quando percebemos a diversidade presente nos escritos do NT: os materiais que estão na base de sua constituição são de origens, formas e concepções teológicas tão variadas, que são mais tolerantes, dispostos ao discernimento e ao diálogo compartilhado do que os grupos que defendem posições ideológicas excludentes na sociedade contemporânea.

     Devido a essas características, o leitor do mundo bíblico acha necessário encontrar um ancoradouro em uma realidade diversificada, mas que contém o testemunho da manifestação divina na história experimentada por pessoas pertencentes a um povo. Conversão, na linguagem bíblica, não implica imediatamente uma mudança de conduta moral, mas sim uma transformação radical de nosso paradigma conceitual religioso, cultural e político. Sem essa mudança, não ocorre uma mudança vital efetiva, o que não significa definir o que é pecado ou não, mas reconhecer a manifestação divina na vida humana de Jesus para transformar a própria. Disso decorre que a valorização de sua palavra, como discurso baseado na manifestação de Deus na história e delineado em determinada manifestação literária, determina um tipo particular de intérprete de sua comunicação e do modo de enfrentar o mundo.

     Por todas essas razões, não importa tanto o grau de ficção dos textos bíblicos, o que importa é a relação que esse texto teve com a história desde o momento de sua composição até atingir sua forma canônica. Porque este é o testemunha de um espírito de atualização incessante, nos é apresentada como um desafio interpretativo, como uma razão para descobrir a profundidade da vida e como uma oportunidade para buscar nossa liberdade em meio a tantas mentiras digitais que nos negam a oportunidade de viver com um sentimento de busca permanente pela liberdade.

       Durante todo o mês de agosto, a Igreja celebra o mês vocacional, tempo oportuno para rezar pelas vocações. A palavra vocação vem do latim vocare, que quer dizer chamar. Devemos entender que Deus chama! A vocação é mistério de Deus. A vocação é como um diálogo entre Deus e o vocacionado, sendo a iniciativa de Deus e a resposta do ser humano.

       São Francisco de Assis, deixou suas riquezas para abraçar uma vida simples, com outros irmãos, servindo os leprosos, anunciando a paz, pregando o Evangelho e orando com grande fervor. Quando estava entre seus companheiros os exortou a imitarem a humidade e a pobreza de Cristo. Deu-se conta que um outro senhor, infinitamente maior e mais valioso, lhe disputava o coração. Mais tarde Francisco saberia que a ele valia a pena consagrar sua vida. Sentiu despertar dentro de si um desejo intenso de seguir Jesus Cristo. Certa vez, quando escutou o Evangelho do envio dos apóstolos em missão, a saber: que não leveis bolsa, calçado, etc, exclamou consigo mesmo que era isso que queria e procurava fazer de todo o coração.

       Durante toda a sua vida aquilo que lhe parecia amargo tornou-se doce para ele. Dedicou sua vida aos leprosos e tratou com fineza e cortesia a quantos se aproximavam dele, ou seja, os pobres, doentes, ladrões, etc. Realizando isso, a maior intenção de Francisco era de observar o Evangelho de Cristo e imitar com perfeição os seus passos. E os passos de Jesus, levam na direção do povo, exercitando os consagrados e consagradas, vocacionados e vocacionadas, na convivência fraterna, na missão apostólica e na prática da misericórdia. A vida e regra dos irmãos é observar o Santo Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, vivendo em obediência, sem propriedade e em castidade. Assim começa a Regra de Vida de nosso pai seráfico são Francisco de Assis.

       A vida de nosso pai espiritual traz um recado importantíssimo aos jovens: estar atento aos momentos da vida e aos sinais de Deus no dia a dia. O amor de Deus, que nos ama incondicionalmente, não pode passar despercebido. Vocação é justamente o sinal de que Deus nos ama, independente do caminho que possamos seguir. Se Deus nos chama, de nossa parte o que precisamos fazer é escutar. O salmo 126 nos fala que se Deus não edificasse uma casa, em vão trabalhariam os construtores. Se você estiver em dúvida sobre o que fazer, peça a Deus a graça do discernimento e pergunte a si mesmo se tens aptidão para aquilo que pede.

       Que o Senhor ilumine sua Igreja, e que muitos jovens digam sim ao chamado do Senhor.

Frei Henrique Santos de Lima O.F.M.Conv

Sexta, 19 Agosto 2022 19:43

Retorno de Frei Cassimiro Cieslik

       O Frei Casimiro Cieslik (OFMConv.) retornou ao Brasil na última terça feira (16) e foi designado a assumir o cargo de vice formador da Casa de Formação São Francisco de Assis, na Asa Norte (DF). Ele houvera sido Diretor Espiritual do Colégio Internacional Seraphicum e membro da comissão internacional dos Franciscanos Conventuais, em Roma, desde o dia 13 de novembro de 2019 e permaneceu ocupando esse cargo até sua recente volta.

       O frade polonês chegou ao Brasil em 1990 e, de lá pra cá, já passou por diversos conventos e comunidades de nossa Província São Maximiliano Kolbe, tendo uma longa experiência na direção espiritual. Perguntamos ao frade como houvera sido sua experiência no exterior e ele nos respondeu o seguinte, com um sorriso no rosto:

       “Em Roma, fiquei por 3 anos no Seraphicum, onde eu estive no Colégio de São Francisco e na Faculdade Pontifícia de São Boaventura. Os moradores desse grande convento compõem três grupos:

  1. Os frades que são professores ou ocupam outros cargos da ordem;
  2. Os frades, sacerdotes em sua maior parte, provenientes de diversos países do mundo, estão atuando nas várias faculdades em Roma, especializando-se em Filosofia e Teologia ou fazendo doutorado;
  3. Os frades professos simples, que estudam filosofia e teologia, e também são provenientes de vários países.

       Devido a quantidade de frades e, por ser uma comunidade internacional, a experiência é muito boa. Sobretudo, aprender viver o ideal franciscano como irmãos, formando uma só fraternidade, respeitando-se reciprocamente e conhecendo a riqueza cultural de cada frade. Tudo isso favoreceu viver em um clima de paz e de alegria. Muito me ajudou viver nessa fraternidade a minoridade, a simplicidade, a comunhão espiritual através da oração, da liturgia, do trabalho e do recreio. De forma alguma foi um tempo desperdiçado, mas sim tempo de crescer.”

       Perguntamos também o que ele espera dos novos desafios como vice formador do Seminário São Francisco de Assis e, ainda sorrindo, como é característico do frade, ele nos respondeu o seguinte:

       “Estou voltando com alegria para o Brasil e para a nossa Província. No seminário, quero também continuar, da melhor maneira possível, transmitindo a simplicidade de nosso carisma franciscano.

       Gostaria demais de viver em fraternidade, com os mesmos ideais que experimentei no Seraphicum: paz, alegria, respeito recíproco, minoridade franciscana, dispostos a crescermos todos como irmãos, cada vez mais convictos e amadurecidos no chamado vocacional religioso e sacerdotal.

       Não pretendo fazer grandes coisas, mas simplesmente estar presente e ajudar os jovens no discernimento da vocação franciscana. Confio na misericórdia de Deus e sei que desde que Ele esteja presente, é possível fazer Sua vontade.

       Creio que para isso, precisamos ser humildes e pacientes, porque estamos no caminho e que seremos provados todos os dias a seguir o único Mestre – Nosso Senhor Jesus Cristo – como discípulos, nas pegadas de São Francisco de Assis.”

       Desejamos nossas mais sinceras boas vindas ao Frei Casimiro e humildemente pedimos para que Deus ilumine o seu caminho nessa nova jornada como vice formador, pela intercessão de São Francisco de Assis e da Virgem Imaculada. Amém.

Segue abaixo e na íntegra a carta do Ministro Provincial por ocasião da Festa de São Maximiliano Kolbe.

       Ontem (15), aconteceu no Santuário Jardim da Imaculada, na Cidade Ocidental (GO) a celebração da festa de São Maximiliano Maria Kolbe, o padroeiro da nossa província de mesmo nome. Liturgicamente São Maximiliano é celebrado no dia 14 de agosto mas, em razão dos dias dos pais e impossibilidade dos confrades participarem, foi realizada na segunda feira.

       A comemoração se iniciou às 9h com café da manhã, seguido de oração da manhã e um breve encontro das casas de formação, onde o Ministro Provincial, Frei Gilberto de Jesus (OFMConv), falou aos professos e formandos sobre a vida e espiritualidade de São Maximiliano. Às 11h aconteceu a Santa Missa em honra ao Santo Mártir, presidida pelo Ministro Provincial e concelebrada por Frei Flávio Amorim (OFMConv), vigário provincial; Frei Amilton Leandro, guardião do Santuário Jardim da Imaculada, bem como demais frades professos que estiveram presentes.

       A celebração também contou com a presença dos seminaristas das Casas de Formação da província, bem como a comunidade do Povo de Deus que também marcaram presença.

       Após a Santa Missa, aconteceu o almoço fraterno, no refeitório do Jardim da Imaculada e durante a tarde houveram atividades esportivas entre os membros da província para celebrar fraternamente o dia.

São Maximiliano Mártir da caridade

              São Maximiliano nasceu em 8 de janeiro de 1894, na cidade polonesa de Zduska Wola.  Seus pais, Júlio Kolbe  e Maria Dabrowska, eram pobres artesãos, cristãos, devotos da Virgem Maria. Ao nascer, ele recebeu Raimundo como nome de batismo.

             A infância de São Maximiliano ocorreu no início do século XX, período de desenvolvimento tecnológico na Europa e na América. Esta época de novidades tecnológicas, com certeza influenciaram  o jovem Raimundo, inspirando-o a desenvolver sua capacidade intelectual para futuramente ajudar na missão da evangelização, como o fez de fato.

  A Aparição de Nossa Senhora  

             Raimundo era uma criança muito levada e arteira por volta dos dez anos de idade. Um dia, sua mãe o repreendeu veementemente pela conduta  dizendo: "Se aos dez anos você é tão mau menino, briguento e malcriado, como será mais tarde?"

Contara depois que naquela noite, ele questionava à Mãe de Deus o que seria de dele. E apareceu a Mãe de Deus, trazendo em Suas mãos duas coroas, uma branca e outra vermelha. Sorrindo maternalmente, perguntou-lhe qual escolhia. A branca significava a santidade e a vermelha o martírio e ele escolheu as duas.

             Em 1907, ele  com seus treze anos e Francisco, seu irmão mais velho, entraram para o seminário menor dos Franciscanos, em Lwow, onde ele trocou o nome de Raimundo para Maximiliano Kolbe. Ele  depois  foi enviado para o Colégio Internacional, em Roma, cursando filosofia  e teologia, preparando para a ordenação sacerdota,l  na Universidade Gregoriana.

 

 Criação Milicia da Imaculada  

             Em Roma, como estudante, no ano de 1917, São Maximiliano Maria Kolbe percebia as diversas manifestações dos maçons contra a Igreja, exposições públicas contra a fé católica aconteciam. Grupos exaltados desfilavam pelas ruas da Cidade Eterna, empunhando bandeiras negras com a figura de satanás em atitude de esmagar São Miguel Arcanjo. Isso provocou a mais profunda indignação em Maximiliano. Ele, impulsionado pelo amor a Virgem Santíssima, decidiu se reunir com seis companheiros, fundando em 1917 a Milícia da Imaculada. A MI tinha dois objetivos especiais: A conversão dos pecadores, dos maçons e dos inimigos da Igreja e a santificação de todos os seus membros, sob a proteção de Maria Imaculada.

            A MI aceitava apenas jovens destemidos e verdadeiramente dispostos a acompanhá-lo nessa empreita de santidade.  Em abril de 1918, São Maximiliano foi ordenado e no ano seguinte, com a bênção de Bento XV, voltou para a Polônia.

             

            Frei Maximiliano Kolbe concluindo  os estudos em Roma em 1919 e l  retornando a Polônia trabalhou para p crescimento da  Milícia da Imaculada entre os frades, sendo uma grande causa de alegria  no coração de São Maximiliano Kolbe. Então nasceu a Revista Cavaleiro da Imaculada, iniciada em janeiro de 1922, em polonês, Rycerz Niepokalanej.  Revista que 20 anos depois, em 1939,  estaria atingindo  a surpreendente tiragem de um milhão de exemplares.

  • Em 1927, foi fundada a Cidade da Imaculada  que cresceu com o numero de  762 habitantes, 13 sacerdotes, 18 noviços, 527 irmãos, 122 seminaristas menores e 82 candidatos ao sacerdócio. Havia nela médicos, dentistas, agricultores, mecânicos, alfaiates, construtores, impressores, jardineiros e cozinheiros, além de um corpo de bombeiros. Neste complexo ficavam o convento, a gráfica e casa editorial. Era chamado de Cidade da Imaculada, em polonês Niepokalanów.

             São Maximiliano fundou também uma Cidade de Nossa Senhora no Japão, publicando o “Cavaleiro da Imaculada” na língua do país. Também tentou igualmente fundar na Índia, mas seus superiores chamaram-no de volta à Polônia antes de poder concretizar seu plano.

 

 

A prisão e morte de São Maximiliano

            Em fevereiro de 1941, os alemães prenderam São Maximiliano e outros quatro frades, os mais anciãos foram enviados para o campo de concentração de Auschwitz.  Ele passou a primeira noite numa sala com outros 320 prisioneiros. Na manhã seguinte, foram todos desnudados, lavados com jatos de água gelada e recebendo cada qual uma jaqueta com um número, coube-lhe o 16.670. Quando o oficial viu seu hábito religioso, ficou irritado. Arrancando com violência o Crucifixo de seu pescoço, gritou-lhe:

            – E tu acreditas nisto?

            Ante a categórica resposta afirmativa, deu-lhe uma “valente” bofetada! Por três vezes repetiu a pergunta e por três vezes o santo religioso confessou sua Fé, recebendo o mesmo bestial ultraje. A exemplo dos Apóstolos, São Maximiliano dava graças a Deus por ser digno de sofrer por Cristo: “Eles saíram da sala do Grande Conselho, cheios de alegria, por terem sido achados dignos de sofrer afrontas pelo nome de Jesus” (At 5, 41). Maria não o abandonou um instante sequer.

            Ao entrar no campo de concentração, os guardas faziam uma revista minuciosa em todos os prisioneiros e lhes tiravam todos os objetos pessoais. Entretanto, o soldado que revistou o padre Kolbe devolveu-lhe o Rosário, dizendo:

            – Tome seu Rosário. E vá lá para dentro! – Era um sorriso de Nossa Senhora, como a dizer-lhe que estaria com ele a cada momento.

 

Martírio no bunker da morte

            São bem conhecidos os demais episódios que se deram no campo de Auschwitz: o comportamento do santo sacerdote franciscano, sua incansável atividade apostólica, em cada bloco para onde era mandado, etc.  No final de julho de 1941, foi transferido para o Bloco 14, cujos prisioneiros faziam trabalhos agrícolas.

               Tendo um dos prisioneiros conseguido fugir, dez outros, escolhidos por sorteio, foram condenados ao “bunker da morte”: um subterrâneo onde eles eram jogados desnudos, e permaneciam sem bebida nem alimento, à espera da morte. Ante o desespero daqueles infelizes, São Maximiliano ofereceu-se para ficar em lugar de um deles, pai de família, e foi aceito por ser sacerdote. O ódio ao religioso era notório, mas ficaram estupefatos ao verificar até onde pode chegar a coragem, a fortaleza e o heroísmo de um padre católico.

 A inspiração de sua vida foi a Imaculada

            No dia 10 de outubro de 1982, na Praça de São Pedro, uma multidão de mais de duzentas mil pessoas ouvia um Papa, também polonês, declarar mártir esse sacerdote exemplar que não só morreu para salvar uma vida mas, sobretudo, viveu para salvar muitas almas. Ele que jamais se cansava de dizer: “Não tenham medo de amar demasiado a Imaculada; jamais poderemos igualar o amor que teve por Ela o próprio Jesus: e imitar Jesus é nossa santificação. Quanto mais pertençamos à Imaculada, tanto melhor compreenderemos e amaremos o Coração de Jesus, Deus Pai, a Santíssima Trindade”.       

            Na homilia são João Paulo II dizia que “a inspiração de toda a sua vida foi a Imaculada, a quem confiava seu amor a Cristo e seu desejo de martírio”. (são João Paulo II, Homilia da canonização de São Maximiliano N.05,1982). Entendia que a devoção à Virgem Santíssima marcou profundamente a vida de São Maximiliano e o tornou um homem determinado. Também na  canonização,  foi ressaltado havia um grande esforço realizado por São Maximiliano para colaborar com a graça divina, unindo sua intenção com a graça divina A fé e as obras de toda a vida do Padre Maximiliano indicam que ele entendia a sua colaboração com a graça divina, como uma milícia sob o sinal da Imaculada Conceição (São João Paulo II, Homilia da canonização de São Maximiliano N.05,1982). Portanto , agradecemos a Deus pelo belíssimo exemplo de santidade dado por São Maximiliano M. Kolbe.

 

Segue abaixo o livreto contendo a história de vida e morta de Santa Clara, escrita por Assis por Frei Marcos Roberto, OFMCap.

Terça, 09 Agosto 2022 17:26

11 de agosto: Dia de Santa Clara de Assis

 

“Clara de nome, mais clara de vida e claríssima de virtudes!” 

       Neste dia, celebramos a memória da jovem inteligente e bela que se tornou a ‘dama pobre’.

       Santa Clara nasceu em Assis (Itália), no ano de 1193, e o interessante é que seu nome vem de uma inspiração dada a sua fervorosa mãe, a qual [inspiração] lhe revelou que a filha haveria de iluminar o mundo com sua santidade.

       Pertencente a uma nobre família, destacou-se desde cedo pela sua caridade e respeito para com os pequenos, por isso, ao se deparar com a pobreza evangélica vivida por Francisco de Assis apaixonou-se por esse estilo de vida.

       Em 1212, quando tinha apenas dezoito anos, a jovem abandonou o seu lar para seguir Jesus mais radicalmente. Para isso, foi ao encontro de Francisco de Assis na Porciúncula e teve seus lindos cabelos cortados, como sinal de entrega total ao Cristo pobre, casto e obediente. Ao se dirigir para a igreja de São Damião, Clara – juntamente com outras moças – deu início à Ordem, contemplativa e feminina, da Família Franciscana (Clarissas), da qual se tornou mãe e modelo, principalmente ao longo tempo de enfermidade, período em que permaneceu em paz e totalmente resignada à vontade divina.

       Nada podendo contra sua fé na Eucaristia, pôde ainda se levantar para expulsar – com o Santíssimo Sacramento – os mouros (homens violentos que desejavam invadir o Convento em Assis) e assistir, um ano antes de sua morte em 1253, a Celebração da Eucaristia, sem precisar sair de seu leito.

       Segundo seus relatos, a celebração da Missa aparecia para ela como que projetada na parede de seu quarto. Santa Clara conseguiu assistir toda a celebração sem sair de sua cama. O fato foi confirmado quando a santa detalhou em uma missa as palavras do sermão do celebrante. Em 1958, foi proclamada oficialmente “Patrona da Televisão” por Papa Pio XII.

       Santa Clara faleceu no dia 11 de agosto de 1253, aos 60 anos de idade. Foi canonizada no ano de 1255 pelo Papa Alexandre lV.

       Santa Clara, rogai por nós!

 

Fonte: Canção Nova

Segunda, 08 Agosto 2022 12:18

Clara, um hino de gratidão

No dia 11 de agosto, acontecerá a solenidade de Santa Clara de Assis. Haverão missas às 10h e às 19h30, no Mosteiro Santa Clara do Deus Trino, em Brazlândia (DF).

Durante o dia, haverão barraquinhas e artesanatos clarianos, bem como distribuição dos pães bentos de Santa Clara.

 

Últimas Notícias

Mais notícias

Artigos

Ver todos os artigos
© 2022 Ordem dos Frades Menores. Todos os direitos reservados

 
Fale conosco
curia@franciscano.org.br