Na lida pastoral, em torno do Sacramento da Confissão, o dia a dia dos confessionários revela ser bastante presente, em grande número de católicos, significativo escrúpulo em torno dos pecados relativos à sexualidade. Diversos são os que acorrem com frequência, às vezes semanal, ou a cada dois ou três dias, para relatar deslizes quanto ao 6º mandamento que realmente lhes tiram a paz. Propor-lhes um olhar mais amplo sobre a própria vida e apresentar-lhes a benevolência e a compreensão da Infinita Misericórdia de Deus nem sempre é tarefa das mais fáceis. Trazem dentro de si um rigor que lhes aprisiona e que vem sendo nutrido por pregações e condutas que nascem em setores da própria Igreja.
No Evangelho deste 26º Domingo do Tempo Comum, Jesus, lançando mão de palavras duras, adverte para outras possibilidades, certamente graves e danosas, de pecado, relacionadas às mãos, aos pés e aos olhos. Na tentativa de ampliar nossa consciência em torno do pecado e oferecer alguns elementos que nos alarguem a compreensão em torno do tema, vamos a breves considerações sobre possíveis condutas pecaminosas simbolizadas por estas partes do corpo humano:
1) “Se tua mão te leva a pecar, corta-a” (Mc 9,43a) – Refere-se ao pecado do egoísmo, da acumulação, do desejo de obter vantagens só para si. Tal conduta destrói por dentro a pessoa que a ela se entrega. Levada ao extremo, conduz à desgraça descrita por São Tiago na 2ª Leitura deste Domingo: “E agora, ricos, chorai e gemei, por causa das desgraças que estão para cair sobre vós. Vossa riqueza está apodrecendo, e vossas roupas estão carcomidas pelas traças” (Tg 5,1-2).
2) “Se teu pé te leva a pecar, corta-o” (Mc 9,45a) – É o pecado da sede de poder, do desejo de dominação. Leva a abusos das mais variadas espécies diante dos quais sempre existe uma parte subjugada ou oprimida. Pode ocorrer em vários ambientes: nas famílias, na escola, no trabalho ou até nas comunidades de fé. Na linguagem atual, tal pecado adquire nomes como bullying, assédio, exploração, relacionamento abusivo. É o desejo incontrolável de domínio e exploração da natureza, que leva à destruição do meio ambiente e de nossa casa comum.
3) “Se teu olho te leva a pecar, arranca-o” (Mc 9,47a) – Trata-se do pecado de não reconhecer no outro um(a) irmão(ã), um(a) Filho(a) de Deus. É o olhar da condenação, da indiferença, da intolerância e do ódio. É a postura da inveja e do despeito. Olhar que fere, machuca, desagrega, destrói e até mata.
Ao perecermos das graves consequências destes tipos de pecado, podemos compreender com mais facilidade a dureza das palavras de Jesus no Evangelho deste domingo. Paz e Bem!
Via: Franciscanos. Autor: Frei Gustavo Medella (OFM).