· “Terminada na terra a obra que o Pai confiou ao Filho, o Espírito Santo foi enviado no dia de Pentecostes a fim de santificar continuamente a Igreja e, por Cristo, no único Espírito, terem os fiéis acesso junto ao Pai. Ele é o Espírito da vida, a fonte da água que jorra para a vida eterna. Por ele, o Pai dá vida aos homens mortos pelo pecado, até ressuscitar em Cristo seus corpos mortais” (Lumen Gentium 4, 12).
· Nós, franciscanos e franciscanas, dizemos que o Espírito Santo é o Ministro Geral de nossa Ordem. Isso nos ensinou Francisco. Somos convidados a nos deixar guiar por ele. Catastrófico quando sua chama divina se extingue em nós. Chama, fogo, vento. O Espírito nos orienta rumo ao amanhã. Jesus, no evangelho de João, não se cansa de nos dizer que nada temos a temer depois de sua partida para o seio Pai. Ele, com esse corpo humano transfigurado, um de nós está no seio da Trindade. Mas não podemos manter os olhos fixos nas alturas... Somos continuadores do elã, da força, do dinamismo que Jesus deixou nesta terra dos homens. Não descansamos nosso olhar no céu, mas temos o rosto voltado para o amanhã da obra de Cristo.
· A Igreja não é mera associação de pessoas piedosas, mas Corpo Místico de Cristo. Somos Igreja. Somos membros do Senhor. Sua obra é nossa obra e nossa obra é obra do Senhor: anunciar um mundo novo, um sentido de vida, um gênero de vida marcado pela simplicidade, abertura aos outros, transformação da realidade, criação de comunidades fraternas, membros da Igreja e participantes de um movimento evangélico e evangelizador que é a vida franciscana.
· Nesta semana em que o Espírito toma conta da nossa liturgia e de nossos pensamentos é bom meditar nos ensinamentos das Catequeses de São Cirilo de Jerusalém:
“A água das chuvas cai do céus; e embora caia sempre do mesmo modo e na mesma forma, produz efeitos muito variados. De fato o efeito que produz na palmeira, não é o mesmo que produz na videira; e assim em todas as coisas, apesar de sua natureza ser sempre a mesma e não poder ser diferente de si própria. Na verdade, a chuva não se modifica a si mesma em qualquer das suas manifestações. Contudo, ao cair sobre a terra, acomoda-se às estruturas dos seres que a recebem, dando a cada um deles o que necessita. Com o Espírito acontece o mesmo. Sendo único, com uma única maneira de ser e indivisível, distribui a graça a cada um conforme lhe apraz. E assim como a árvore ressequida, ao receber água, produz novos rebentos, assim também a alma pecadora, ao receber o Espírito Santo o dom do arrependimento, produz frutos de justiça. O Espírito tem um só e mesmo ser, mas por vontade de Deus e pelos méritos de Cristo produz efeitos diversos”.
O Espírito “serve-se da língua de uns para comunicar o dom da sabedoria; ilumina a inteligência de outros com o dom da profecia. A este dá o poder de expulsar demônios; àquele concede o dom de interpretar as Escrituras. A uns fortalece na temperança; a outros ensina a misericórdia; a estes inspira a prática do jejum e como suportar as austeridades da vida ascética; e àquele o domínio das tendências carnais; a outros ainda prepara para o martírio. Enfim, manifesta-se de modo diferente em cada um, mas permanece sempre igual a si mesmo, como está escrito: A cada um é dada a manifestação do Espirito em vista do bem comum” (cf. 1Cor 12,5).
“Branda e suave é a sua aproximação; benigna e agradável é a sua presença; levíssimo o seu jugo! A sua chegada é precedida por esplêndidos raios de luz e ciência. Ele vem com um amor entranhado de um irmão mais velho: vem para salvar, curar, ensinar, aconselhar, fortalecer, consolar, iluminar a alma de quem o recebe, e, depois por meio desse, a alma dos outros. Quem se encontra nas trevas, ao nascer do sol recebe nos olhos a sua luz, começando a enxergar coisas que até então não via. Assim também, aquele que se tornou digno do Espirito Santo, recebe na alma a sua luz e, elevado acima da inteligência humana, começa a ver o que antes ignorava”.
Texto de Frei Almir Guimarães, OFM