Os jovens e as jovens de todo o mundo tem tido lugares de destaque nas discussões da Igreja. Nas preparações para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) que acontecerá no Panamá, em 2019, eles auxiliaram a elaborar o Sínodo dos Bispos de outubro deste ano que, inclusive, tem como tema “os jovens, a fé e o discernimento vocacional”.
Após rezar o Angelus na Praça São Pedro, no dia 18 do mês passado, o Papa Francisco convidou os jovens a participarem presencialmente e virtualmente da reunião pré-sinodal. Tudo isso com objetivo de deixar o debate mais próximo daqueles e daquelas que vivem em uma época diferente e passam por situações cada vez mais voláteis.
E, neste mês, do dia 19 ao dia 24, cerca de 315 adolescentes de várias religiões e ateus vindos de muitos países diferentes, se reuniram em Roma em uma verdadeira conferência sobre o que esperam da Igreja. Também integraram a discussão pelas redes sociais aproximadamente 15 mil internautas.
No Domingo de Ramos, 25, se celebrou nas dioceses de todo o mundo a JMJ e, por essa mesma ocasião, após a Santa Missa no Vaticano, foi entregue ao Pontífice por um jovem do Panamá, o documento redigido pelos participantes da reunião pré-sinodal. O material será utilizado para preparar o sínodo deste ano.
Anseios da Juventude
“Nós jovens acolhemos com alegria seu convite a participar desta Reunião pré-sinodal. Suas palavras, no início do nosso encontro, muito nos encorajaram. Vivemos sem nenhuma distinção de cultura ou fé este momento de comunhão em favor do trabalho pelos jovens”, disse o rapaz ao saudar o Papa.
O documento foi apresentado em uma sala de imprensa pelo Cardeal Lorenzo Baldisseri, Secretário do Sínodo. Ele comentou sobre alguns dos dizeres expressos na manifestação “Uma Igreja jovem, mas não ‘oposta’ ou ‘contrária’ aos adultos, mas sim ‘dentro’, como o fermento na massa, usando uma linguagem evangélica”, disse.
Dentre os anseios dos jovens e das jovens, está a honestidade e coerência por parte dos líderes, como afirmou o Cardeal, “do texto emerge um grande anseio de transparência e credibilidade por parte dos membros da Igreja, de modo especial, de seus pastores: os jovens querem uma Igreja que saiba reconhecer com humildade os erros do passado e do presente, comprometendo-se com coragem em viver aquilo que professa”.
Ao mesmo tempo em que a juventude parece estar determinada em seus desejos e críticas, eles e elas ainda necessitam da orientação de pessoas que não sejam perfeitas, que sejam humanas e que, principalmente, saibam dialogar com todos os avanços da modernidade.
O secretário do Sínodo completou, “Os jovens sofrem hoje a carência de verdadeiros mestres que os ajudem a encontrar seu caminho na vida e pedem à comunidade cristã que compreenda esta necessidade”.
O Papa Francisco havia afirmado ao receber a todos e todas no primeiro dia da reunião pré-sinodal (19), “Falem com coragem, digam o que vocês gostariam de dizer. Se alguém se sentir ofendido, peçam perdão e continuem”, ressaltando que, assim como a juventude têm a necessidade de falar, a Igreja tem a necessidade de ouví-la.
Após se reunirem durante uma semana e expressarem o que queriam falar, eles e elas agora esperam ser ouvidos. Assim, se despediu o jovem panamense quase que em conformidade à fala do Santo Padre no dia 19, “neste documento, mais do que palavras, lhe entregamos a nossa vida e os desejos mais profundos de nosso coração”.