Uma vez por mês, na primeira sexta-feira, temos o costume de contemplar e homenagear “Jesus Cristo do peito aberto”. Sempre diante de nossos olhos a cena: um soldado toca o lado do Mestre morto e cava-se uma fonte de amor sem limites. Água, sangue e amor que se dá até o fim.
Somos convidados, sempre de novo, a nos abeirar das cenas evangélicas onde encontramos a cantiga do amor desde o presépio do Menino das Palhas até o dilaceramento cruel do alto do Gólgota e chegando até o jardim da Páscoa. Sempre ele, aquele que chega, e quando ele chega as coisas podem mudar… Penso sempre no Ressuscitado presente hoje no mundo e na Igreja.
Mas naquele tempo…
Zaqueu estava tranquilo. Havia se conformado com a vida que levava ou que as circunstâncias o levaram a viver. Um cobrador de impostos meio ou muito incorreto. Poderia ter sido considerado um modelo de todos os infratores da Lava Jato. Jesus passa. Para. Olha para a árvore. Manifesta desejo de fazer com ele uma refeição. O corrupto cobrador de impostos desce de onde estava, corre e aguarda Jesus em sua casa e sua vida muda. Não sabe o que fazer para reparar sua feiura interior.
Aquele cego, pobre cego de nascença. Outros cegos da Palestina. Muitos foram curados por Jesus, que sempre se abeirou da fragilidade. Sofrem, sentem-se colocados de lado. Os evangelhos dizem que, muitos deles, uma vez curados passaram a ser discípulos do Mestre que abre os olhos aos cegos. Queriam ver o mundo. Passam a vê-lo com o olhar desse homem que os havia curado.
A bondade do Coração de Jesus ou de Jesus do coração imenso como o universo continua agindo. Basta que as pessoas abram-lhe o coração. Penso aqui nesse rapaz sem família, menino bom, mas que entrou na noite das drogas. Um padre da cidade mantém uma casa para dependentes. Para lá é levado. O moço entra em si. Chora, sofre. Vai à capela. Olha o crucificado, escuta uma palavra do Evangelho e Jesus chega em sua vida e as coisas mudam…
Penso nesse homem bom, colega de seus colegas, colegas nem sempre de boa cepa… Aos poucos deixa se influenciar e participa de desvios de dinheiro que nunca poderão ser descobertos. Num momento de desespero interior, quando a mãe está doente para morrer, é tocado. Pega o que foi “retirando” e deixa na portaria de uma casa de velhos indigentes. Diz simplesmente que é uma encomenda que mandaram para esses fantasmas humanos na casa de velhos… E tudo mudou…
Tenho certeza que Jesus continua hoje chegando perto de tantos que sofrem desesperadamente em seu próprio coração tão diferente do imenso Coração do Senhor. Quando os raios do amor do peito aberto de Jesus atingem as pessoas, as coisas podem mudar…
Fonte: Franciscanos. Autor: Frei Almir Guimarães (OFMCap).