Ponte e Mãe de misericórdia: De onde lhe vem tal poder?
“Por que toda a graça corre, pela suas mãos, do coração dulcíssimo de Jesus até nós”, é essa a conclusão.
Sim, porque humanamente falando, o Coração divino é semelhante ao coração de um bom pai de família. Se um filho se torna culpável de alguma falta, o pai deve puni-lo, pois assim o exigem a justiça e, mais ainda, o mesmo amor para com o filho, a fim de que ele não descure o próprio erro. Entretanto, este pai não desejaria causar nenhum desgosto ao filho, embora o tenha merecido, e gostaria de ter um motivo suficiente qualquer para não lhe infligir o castigo. Perdoar sem motivo suficiente seria como que instigar o culpável à insolência. Mas o pai desejaria que alguém interviesse em favor do filho para satisfazer, desse modo, tanto da justiça como o amor afetuoso.
Pois bem, o coração divino de Jesus, que arde de amor por nós, culpáveis, dispõe para isso de um meio digno da sabedoria divina. Outorga-nos, como mãe e protetora, a sua própria e diletíssima Mãe, a criatura mais santa entre todos os santos e anjos. A Ela Jesus é incapaz de recusar nada, por ser a mais digna e mais amada das mães. Além disso, Ele lhe deu um coração muito grande, para que Ela pudesse advertir toda a lágrima derramada na terra e se preocupasse com a salvação e santificação de todos os humanos.
Medalhas e imagens: rejeição ou utilidade?
Cada um de nós não tem só uma alma, mas também um corpo, não só a razão, mas também os sentidos. Todo o conhecimento natural começa pelos sentidos (olhos, ouvidos...); só depois chega à inteligência e se grava na memória. Não é diferente o modo natural do conhecimento dos problemas que se refere à religião. Quanto mais a miúdo virmos algo relacionado em tela ou papel, ou mesmo em medalha ou escapulário, tanto mais o miúdo se dirigirá o nosso pensamento às pessoas que esses objetos representam ou recordam; e isso influi poderosamente na nossa vida.
Vendo Cristo cravado na cruz ou um quadro de Nossa Senhora, muitas pessoas não renunciarão, porventura, a um pecado que tinha em mente cometer?... Não seria tamanha a sua petulância e maldade!... Além disso, quantas orações não brotam do coração dos corações diante dessas imagens, dirigidas às pessoas que elas representam? Quantos suspiros inflamados de amor e quantas preces de corações doloridos eles não arrancam?... E desce, do alto, a esses corações, o bálsamo e o consolo.
A Imaculada, Maximiliano e uma criança
Consagração, sob todos os aspectos, sem restrições, total, para vir a ser um cavaleiro sem reservas, integralmente.
Maria, Mãe, Rainha... (origem, noção imperfeita).
Filho; 2) semelhança, imagem; 3) (sem direitos) coisa e propriedade (amor).
A Imaculada é nossa Mãe, porque:
É uma convicção comum, um sentimento dos fiéis.
Foi Jesus que no-la deu.
É Mãe da cabeça da Igreja, Jesus; por conseguinte, também dos membros.
É mãe da graça divina, da graça do Espírito Santo; é medianeira das graças, é Mãe da vida da graça, da vida espiritual.
É Mãe do Redentor; por conseguinte, também dos redimidos (co-redentora).
É Mãe do próprio Criador; consequentemente, também das criaturas (anjos, humanos...).
Por todos estes motivos, tu menino:
Ama-a como Mãe, com toda a sua generosidade. Ela te ama até ao ponto de sacrificar o Filho de Deus. Na anunciação, ela te aceitou de bom grado como filho.
Ela te fará semelhante a Si, tornando-te cada dia mais imaculado, nutrindo-te com o leite da sua graça. Deixa-te conduzir por Ela, deixa-te modelar cada dia mais livremente por ela. Vela pela pureza da tua consciência, purifica-a no seu amor. Não te desalentes, nem sequer depois de um pecado grave, mesmo repetido. Um ato de amor perfeito te purificará.
Ser chama para despertar outras chamas
A oração é um meio desconhecido, sendo, no entanto, o mais eficaz para restituir a paz às almas e dar-lhes a felicidade, por servir para aproximá-los do amor de Deus.
A oração faz renascer o mundo. É condição indispensável para a regeneração e vida de toda a alma. Por meio dela, mesmo sem abandonar os muros do seu convento, Santa Teresinha veio a ser Padroeira de todas as Missões, e não apenas a Padroeira titular, como a experiência o demonstra.
Oremos também nós e oremos bem, oremos muito, quer com os lábios, quer com o pensamento. E experimentaremos em nós como, progressivamente, a Imaculada toma a posse da nossa alma, como a nossa pertença a Ela se aprofunda, cada dia mais sobre todos os aspectos, como as nossas culpas se desvanecem e nossos defeitos diminuem, e como, suave, mas poderosamente, nos acercamos cada vez mais de Deus.
A atividade exterior é boa, mas, obviamente, de importância secundária. E menos importante ainda, se a comparamos à vida interior, de recolhimento e oração, e à vida do nosso amor pessoal a Deus.
A Nossa Recompensa
De quando em quando, as cruzes se abaterão pesadamente sobre nós; mas a graça de Deus afervorizará os nossos corações, inflamando-os de um amor tal que arderemos em desejos de sofrer, sofrer sem limites, sofrer humilhações, escárnios e esquecimentos. Com isso, teremos a possibilidade de demonstrar o nosso amor ao Pai, ao nosso queridíssimo amigo, Jesus, e à nossa diletíssima Mãe, a Imaculada. O sofrimento é escola, sustento e força do amor. “Aflitos, mas sempre alegres” (2 Cor. 6,10). É a vida gasta em prol de um ideal.
Então, embora por um lado haja um batalhão de encarniçados inimigos conjurados contra nós, encontramos, por outro, também verdadeiros amigos que, unidos a nós por um sincero amor na unidade de um ideal comum, nos confortarão na tristeza e nos socorrerão nas quedas, a fim de que jamais deixemos cair os braços e combatamos com tenacidade e firmeza até a morte, confiando unicamente em Deus por intermédio da Imaculada.
As almas que amam a Imaculada, usaram, em diferentes épocas, tanto em público como em privado, variadas fórmulas para caracterizar a sua consagração à Santíssima Virgem. Todos desejaram, na medida do possível, ponderar a forma mais perfeita de consagração, embora nas palavras e no seu significado imediato haja diferenças. Assim, fórmulas como “servo de Maria” e “servo da Imaculada” podem sugerir a ideia de uma recompensa, em vista da qual o servo realiza o seu trabalho. A própria expressão “filho de Maria” lembra a alguns certas obrigações jurídicas da mãe em relação ao filho. Nem mesmo a denominação “escravo de amor” soa bem a todos, porque, malgrado se diga tratar-se de um escravo “de amor”, é difícil tirar do pensamento que o escravo se submete à servidão contra a vontade. Está aí o motivo por que outros preferem a expressão: “coisa e propriedade”.
O fim da M.I. é sempre a salvação e santificação de todos por todos por meio da Imaculada. Por conseguinte, se o fim da seção tende à consecução desta meta, então está tudo em ordem.
A Imaculada é a medianeira de todas as graças. Além disso, é só por meio da graça que nós podemos acercar-nos de Deus. Pois bem, na ordem sobrenatural, a heresia não é mais que, de uma forma ou outra, afastamento da graça e, por isso, também um afastamento da medianeira das graças. Se a seção heresiológica conseguisse descobrir, em cada heresia, quais foram os motivos que causaram o afastamento da medianeira das graças, ser-lhe-ia mais fácil encontrar os remédios práticos e concretos para ajudar os pobres hereges e recuperar novamente a graça.
A apologética, por si só, também não conseguirá converter ninguém, se a graça não fluir sobre ela das mãos da Imaculada. Por isso, no estudo da apologética prática, essa seção deve acentuar a necessidade de recorrer a Maria Imaculada e suscitar o amor a Ela naquele com quem se discute, em vez de pôr a própria confiança na eficácia das demonstrações mais evidentes. O homem possui vontade livre e precisa da graça para a dominar, a fim de que ela permita que a inteligência se deixe convencer e siga a verdade.
Deus conhece-o, sem dúvidas, melhor que nós, porque é onisciente e infinitamente sábio. Ele, e só Ele, sabe o que podemos fazer, a cada momento, para lhe render a maior glória possível. É d'Ele, pois, e só d'Ele que podemos e devemos aprender o modo.
Como é que Deus revela a sua vontade? Por meio dos seus representantes na terra. A obediência, e só a santa obediência, nos manifesta, com segurança e certeza, a vontade de Deus. Os superiores podem enganar-se, mas nós, obedecendo, não nos enganamos nunca.
Existe uma única exceção: a de quando o superior ordena alguma coisa que é clara e indubitavelmente pecado, mesmo que mínimo (o que, na prática, não acontece quase nunca), porque, em tal caso, o superior já não seria representante de Deus.
Deus, é só Ele, o Deus infinito, infalível, santíssimo e clementíssimo, é Nosso Senhor. Ele, que é Nosso Deus, Nosso Pai, Criador, Fim, Inteligência, Potência, Amor, Tudo! Tudo quanto não for Ele, só tem valor na medida em que a Ele se refere, o Criador de todas as coisas, o Redentor de todos os humanos, o fim último de toda a criação.