Dom Agostinho nasceu em 1930, na Polônia. Ao chegar ao Brasil, em 1974, tinha 44 anos de idade, 16 anos de vida sacerdotal e 16 anos de experiência como formador. Naquela época, já havia concluído seus estudos acadêmicos e obtido o título de doutor há oito anos.
Chama atenção o crescimento da Missão sob sua liderança. Em apenas três anos após sua chegada, já havia frades estabelecidos em Uruaçu-GO, Campinorte-GO, Rialma-GO e Niquelândia-GO. Em 1977, conseguiu adquirir um terreno na Cidade Ocidental-GO para a construção do primeiro convento da Província, o Jardim da Imaculada, que foi abençoado em 08 de dezembro de 1977.
No quarto ano da Missão, Dom Agostinho lançou a primeira edição da Revista Cavaleiro da Imaculada, com 4.500 exemplares, iniciando assim o apostolado pelos meios de comunicação. Após nove anos de missão, a Custódia de São Maximiliano foi erigida em 1983. No décimo ano, foi estabelecida, no Jardim da Imaculada, a primeira Casa de Formação.
Seu testemunho teve um grande impacto: com 15 anos de presença no Brasil, foi escolhido para ser bispo, assumindo a recém-erecta Diocese de Luziânia, onde serviu por 15 anos. Após tornar-se bispo emérito em 2004, decidiu partir para o Amazonas, em 11 de janeiro de 2005, onde permaneceu por seis anos. Faleceu aos 80 anos, em Juruá-AM, local onde está sepultado.
As Três Grandes Obras de Dom Agostinho
Dom Agostinho era um homem introvertido, silencioso e de poucas palavras, mas suas obras falam por si. Entre seus muitos feitos, três se destacam como legados fundamentais para o Reino de Deus:
- A Missão São Maximiliano M. Kolbe
Após sua chegada ao Brasil, sem condições financeiras e sem segurança sobre o futuro, Dom Agostinho iniciou a Missão São Maximiliano, trabalhando incansavelmente para desenvolver essa jurisdição. Ele construiu, pouco a pouco, uma estrutura que viria a se tornar a atual Província São Maximiliano M. Kolbe.
- O Trabalho na Diocese de Luziânia
Quando a Diocese de Luziânia foi erigida pela Santa Sé, exigia grande dedicação em diversas frentes, como apostolado, administração, vocações, formação e evangelização. Dom Agostinho serviu como bispo diocesano por 15 anos, buscando constantemente o desenvolvimento da Igreja local.
- A Missão no Amazonas
Após tornar-se bispo emérito, dedicou seis anos à Missão no Amazonas, chegando em 11 de janeiro de 2005 e permanecendo até seu falecimento, em 20 de março de 2011.
Carta de Despedida de Dom Agostinho
Em 2010, já enfrentando grave enfermidade, Dom Agostinho escreveu uma carta à Província, datada de 28 de setembro de 2010. Nela, expressou sua visão sobre sua saúde, sua gratidão e sua despedida do Jardim da Imaculada. A carta pode ser dividida em três partes:
- Retorno ao Amazonas, Enfermidade e Confiança em Deus
Dom Agostinho reconhecia a gravidade de sua doença e tinha consciência do pouco tempo de vida que lhe restava. Ele escreveu: “O oncologista usou de expressão: ‘pode ser seis meses, pode ser dois anos’.”
Apesar disso, demonstrou tranquilidade e confiança em Deus, afirmando: “Já estou chegando a oitenta anos de vida. Não vejo tarefas especiais para realizar, nem compromissos para cumprir. Só agradecer as graças recebidas e pedir perdão pelas não bem aproveitadas. Deus vai me julgar, e de Deus espero perdão misericordioso.”
- Agradecimentos e Reflexões sobre a Missão
Em sua carta, Dom Agostinho expressou profunda gratidão à Província e aos frades, especialmente aos “frades da primeira hora”, aqueles que chegaram da Polônia para ajudá-lo na missão.
Sobre as vocações, ele escreveu: “Muitas bênçãos foram recebidas. As mais preciosas vieram, e continuam vindo, com as vocações que a Província está recebendo. Cada vocação verdadeira é uma preciosidade divina e deve ser dignamente acolhida e cuidadosamente formada. É o mais importante futuro da Província.”
Ele também reforçou a importância da Missão no Amazonas como um serviço à Igreja no Brasil: “A Missão na Amazônia também é uma tarefa importante em prol da Igreja do Brasil. Foi providencial que a Província se abriu para este chamado. Deste poderá também vir uma bênção preciosa.”
- Despedida do Jardim da Imaculada e Últimos Pedidos
Dom Agostinho reconheceu que sua visita ao Jardim da Imaculada, em 8 de setembro de 2010, foi sua despedida:
“A presente carta considero então como certa minha despedida. Naquele dia, quando andava pelo Jardim da Imaculada, tive consciência de que esta foi a minha última visita.”
Ele pediu que o Jardim da Imaculada fosse sempre um lugar de formação e apostolado para os frades:
“Espero que o Jardim da Imaculada seja para sempre um lugar muito especial para todos os Frades da Província. Que seja o lugar de inspirações, de formação e de muitas obras de apostolado.”
Demonstrando grande humildade, Dom Agostinho pediu perdão:
“Peço perdão a todos que eu tenha ofendido ou escandalizado de alguma maneira, mesmo que sem intenções maliciosas. Perdoem-me tudo, e que Deus me cubra com sua misericórdia infinita! Confio na Misericórdia de Jesus!”
Reconhecendo a importância da Virgem Maria em sua vida e missão, expressou seu último desejo:
“Maria Imaculada ficou muito presente em toda a minha vida — de modo indicado e incentivado por São Maximiliano Kolbe. Espero que ela me acolha no momento da minha passagem definitiva.”
Ele encerrou sua carta com uma frase marcante e cheia de esperança:
“O horizonte que nos espera é demais maravilhoso! Vale a pena apostar no que os nossos santos ensinaram.”
Conclusão
Ao celebrarmos os 14 anos do falecimento de Dom Agostinho, fazemos memória de um grande homem, que deixou marcas de santidade, entrega e doação ao Reino de Deus.
Seu exemplo permanece vivo, inspirando frades, leigos e toda a Igreja.